terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Carnaval: sedativo fascista

Estamos a pouco tempo da chegada de um novo mês de fevereiro, e falando em fevereiro neste país logo vislumbramos a festa "popular" conhecida como Carnaval - uma festa repleta de sincretismos entre cultura pagã e cultura cristã (vide a proximidade com a Páscoa).

A lógica inicial de todo Carnaval é da inversão. Durante os carnavais clássicos, da Europa Medieval, os homens do poder se travestiam de miseráveis e a maioria desvalida assumia o comando da festa (um autor que trabalha bem com isso é o filósofo russo Mikhail Bakhtin). Momo era justamente isso, aquela figura de inversão do poder estabelecido durante aqueles dias festivos - uma forma sutil e inofensiva de abrandar a luta de classes. Nobres, Cavaleiros, Padres, Bispos, não, o poder estava centrado em Momo.

Hoje permanece esta inversão ancestral? Sim, claro.

Vemos comunidades carentes inteiras envolvidas no Carnaval brasileiro, organizadas em escolas de samba que vão desde a minha vizinha Venda Nova aqui em Belo Horizonte, passando pela Águia de Ouro da Pompéia em São Paulo (na minha infância paulistana) e adentrando as Mangueiras, Vila Isabel, etc que formam o nosso maior exemplo fluminense. Comunidades estas que se tornam o centro das atenções nas mais diversas "avenidas do samba", onde a burguesia observa em camarotes e paga caro para estar ali diante daqueles "favelados" fantasiados de reis, rainhas, seres mitológicos, personagens históricos ou literários - adornados no mais sublime e fulgaz luxo!

Até ai parece mais um daqueles exemplos panis et circenses. Há mais, muito mais perversidão subsistente no Carnaval moderno.

Não é sem razão que nossas primeiras escolas de samba remontam os anos 30, em especial a partir do Estado Novo getulista - conservador, autoritário e militarista (dentro de uma ordem de ascensão fascista em parte da Europa, seguindo o exemplo italiano especialmente). Oras, e estas mesmas escolas que desfilavam na Avenida Rio Branco, perfiladas, organizadas, ritmadas, sob músicas cujos temas deveriam exautar a pátria e os personagens históricos (bases de uma memória positivista) nada mais seriam que reproduções, às avessas, de um verdadeiro exército de alienação transformado, politicamente, em instrumento de poder e de inserção ideológica.

Os desfiles na avenida do samba, desde a Era Vargas até a midiatização atual, seguem o mesmo vento reacionário: transformar cultura popular em mecanismo sedativo, político-ideológico. Não haverá nunca espaço para a transgressão verdadeira, a que revoluciona e enfia o dedo na cara de todo status quo. Quando é que as escolas de samba deixarão os seus Tiradentes, Colonizadores e Índios romantizados, Zumbis dos Palmares, Personalidades da Fama vendidos como "Arte" (Sílvio Santos, Renato Aragão, Dercy Gonçalves, etc) e demais baboseiras que parecem vindas de livros didáticos de História dos anos 60 e vamos começar a parar de desfilar em avenidas e para a burguesia, saindo as ruas e subvertendo a ordem como na origem vamos criticar a babaquice nacional, a caretice nacional, a ineficiência e o câncer que é o Estado brasileiro com sua classe política profissionalizada em nos roubar sob a efeméride de uma democracia enganosa e vagabunda.

Mas Tiago, e o Carnaval....bom, este que está aí a décadas, e que tem origens fascistas, e hoje está no horário "nobre" da imbecilidade televisiva, bom este Carnaval foi feito para ignorantes e sedados com a merda toda que vos cerca. Eu tô fora! Melhor abrir um bom livro e escutar música de verdade.








segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Quem somos nós historiadores?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Amanhã é dia de boicotar a "Rede Globo de Bestialização"

Nassif vs. Ghiraldelli (texto de agosto de 2010)

Segue abaixo o texto escrito por Luis Nassif em 27/agosto/2010 onde o jornalista faz duras (e fundamentadas) críticas ao filósofo Paulo Ghiraldelli (sobre este senhor eu mesmo já emiti opiniões em textos antigos):

O caso do "filósofo" Ghiraldelli
Enviado por luisnassif, sex, 27/08/2010 - 09:24

"A Internet incorporou a presença do «troll». Trata-se do sujeito sem expressão que aproveita o espaço para provocações, buscando a evidência pela agressão. Como regra geral, são indivíduos inexpressivos, alguns francamente desequilibrados, com evidente necessidade de auto-promoção.

É o caso de um sujeito chamado Paulo Ghiraldelli, que se apresenta como «o filósofo de São Paulo». Não pretendia perder tempo com ele, mas exorbitou.

Nos últimos dias dedicou-se com um fervor freudiano a ataques e mais ataques contra mim, pelo Twitter, blogs, emails.

Vamos primeiro às acusações, depois às motivações.

Sua acusação é de que recebo dinheiro do PT. É manipulação grosseira.

Assinei um contrato com a Empresa Brasil de Comunicações (EBC), da TV Brasil, para produzir um programa semanal de uma hora, sobre temas de políticas públicas. As condições estabelecidas foram similares às que eu tinha com a TV Cultura de São Paulo e também com o Canal Rural, do grupo RBS.

A remuneração contempla a apresentação, a criação e as pautas do programa e também uma equipe de jornalistas da Dinheiro Vivo, incumbidos de alimentar o portal de Internet, montando a interação com a televisão.

A TV Brasil obedece a um Conselho composto por integrantes da sociedade civil, sem cor partidária.

Enfim, todas as condições que legitimam o contrato.

A troco de quê esse Ghiraldelli deturpa uma informação e move uma campanha desequilibrada, a ponto de me taxar de «bandido» em um meio de grande circulação como o Twitter? Terá oportunidade de explicar na Justiça, em breve, pois estou movendo ação civel e criminal contra ele.

Mas vamos entender a motivação desse senhor – além da obsessão em conquistar alguma projeção com essa campanha.

Tempos atrás li um artigo dele na página 2 do Estadão. Foi um período de intensa escatalogia da mídia, promovendo autores da mais ampla mediocridade desde que oferecessem aos jornais o produto pedido: crítica destrambelhada contra Lula.

O artigo de Ghiraldelli se destacava pelo baixo nível. Fiquei curioso em saber de quem se tratava. Procurei no Google e fui dar em seu site.

Ali, para minha surpresa, havia páginas em que ele louvava... o Ministro da Educação Fernando Haddad, inclusive aparecendo em várias fotos com ele. No Estadão, uma crítica baixa; no site, uma louvação vergonhosa. Nas fotos com Haddad ou no banner do portal, um narciso deslumbrado com o próprio retrato, como se estivesse mirando no espelho na hora de tirar a foto (confira o tipo na imagem abaixo).

Não foi a única surpresa. Lá, fiquei sabendo de uma polêmica com o jornalista-filósofo Olavo de Carvalho. O ponto central era a compulsão do «filósofo de São Paulo» em mostrar a própria mulher nua. Casou-se com uma moça bem mais nova. Olavo escrevera um artigo espantado com aquele exibicionismo de quem se intitulava filósofo. A resposta do tal Ghiraldelli era a de que quem tinha mulher bonita, tinha mais que mostrá-la.

Havia mais, uma montanha de vídeos com aulas que mais pareciam cursos de auto-ajuda.

Escrevi um post alertando o Estadão para a aberração que promovera a colunista da nobre página 2.

Não sei qual a reação do Estadão. Mas não me lembro de ter lido mais nenhum artigo desse Ghiraldelli no jornal.

Tempos depois, ele se cadastra no Portal Luís Nassif. Estranhei, mas autorizei o cadastramento.

Os demais membros do Portal iam me reportando sua atividade. No início, tentativa de aliciar membros do Portal para sua comunidade. Depois, fotos da esposa nua. Em determinado dia recebo mensagem dele perguntando se já aceitava que mostrasse a mulher pelada. Àquela altura, muitos membros do Portal reclamavam da falta de compostura do tal «filósofo de São Paulo».

Bloqueei seu acesso ao Portal. Logo em seguida cadastrou-se um tal de "Menina Virgem" - codinome da esposa do sujeito. Bloqueada também.

Desde então, periodicamente ensaia ataques através do Twitter.

Peço aos amigos que receberam o email desse tal «filósofo de São Paulo» - parece que se valeu de listas de educadores para espalhar o lixo – que ajudem a espalhar essa resposta."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

S.O.P.A - Não está sabendo? Ela pode acabar com a Internet que conhecemos!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Vivenciar Mais

Homens e mulheres são diferentes. Temos naturezas distintas, evidente. Deveras ficamos, cada qual sob seu próprio prisma, a desejar no outro(a) um certo "devir a ser". Oras, somos o que somos. E somos diferentes, para o bem e para o mal.

Passaremos a existência inteira querendo mudar a natureza do outro(a)....desperdício de preocupações, irrritações...deveríamos sim buscar aprender a conciliar as diferenças, tornando-as elementos de reconhecimento e compreensão do outro, não o seu julgamento.

A poucos dias de contrair casamento, penso e divago sobre estas divergências de gênero. Isso amedronta, sempre. Porque estamos habituados a desejar que a vida seja um pouco estereotipada, com embalagem e manual de uso. E as coisas não funcionam assim na realidade do mundo. Somos caóticos, medrosos, inseguros, intolerantes, impacientes, em suma somos apenas humanos.

E o pior dos estereotipos é o "socialmente desejado" medioclassismo: ter um bom emprego (se possível um emprego público, onde você pode literalmente cagar e andar todos os dias e ainda depois receber aposentadoria integral sob as custas do contribuinte), morar num apto financiado por um banco e pagar em prestações a perder de vista, ter estacionado o carrinho popular da família também financiado no mesmo banco e pagando as mesmas prestações a perder de vista, claro que tudo isso depois de ter se casado numa igreja católica reconhecida na cidade e que você tivera que marcar a data com um ano de antecedência (pagando taxas para o pobre Bento XVI, custeando flores, ornamentos, aluguel de salão, buffet, fotografias profissionais, e curso de casamento, pra aprender como funciona a distinta cerimônia religiosa), tratar de rapidamente providenciar um herdeiro, etc...nada mais margarina, nada mais pueril.

A dinâmica do existir envolve mais coisas, profundas e subterrâneas. Por baixo da pele hidratada, dos dentes brancos, dos cabelos arrumados, do corpo perfumado, existe um ser, um ser repleto de contradições, angústias, desejos, ideias, erros e acertos. 

Portanto, se é possível desfrutar do que chamamos felicidade, esta só será mais palpável a partir do momento que aprendermos a idealizar menos e a vivenciar mais.... 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Operação Centro Legal é Legítima

Desde 3 de janeiro deste ano a PM e o Estado de São Paulo iniciaram uma operação de "combate" ao livre tráfico de drogas presente na região da Luz (Operação Centro Legal), área central da capital paulista - apelidada como "Cracolândia", visto a prevalência desta droga entre os dependentes químicos que por ali circulam como verdadeiros zumbis.

Vozes ligadas aos direitos humanos chamaram a ação do governo como "higienização", cujo princípio estaria na limpeza do local - dispersando os usuários de drogas, e revitalizando a região como centro comercial ou mesmo digno de circulação, longe, muito longe de qualquer preocupação com os dependentes químicos e seus dramas ali concentrados.

É claro que o governo paulista não vai querer que a ação seja entendida pela população como meramente repressora, querendo dar uma certa humanidade na ação policial; mas conscientes que somos fica evidente que a ação é repressão pura sim, a questão agora é debater se a repressão neste caso é legítima ou não.

Por pior que possa parecer, sendo eu um libertário convicto, tenho que reconhecer que a represão praticada na Cracolândia é justificada. Não é possível transitar, não é possível uma convivência social digna, em um bairro repleto de zumbis entupidos de tóxicos, que atraem todo tipo de ação criminosa: prostituição, roubos, mendicância, tráfico e até assassinatos.

Deixar que estas pessoas, doentes e necessitadas de amparo, se aglomerem formando centros de uso de drogas, é ser leniente com uma série de consequências negativas produzidas pela compra-venda das mesmas, ferindo o bom convívio social. Dai a necessidade de desconcentrar através do uso da força, ou alguém ainda é ingenuo para acreditar que um usuário/traficante de drogas ainda pode ser convencido por argumentação lógica?

As críticas, provenientes de grupos ligados ao lulopetismo no poder, são hipocritamente marcadas pelo viés político (na disputa pelo poder, sempre desqualificando a ação do grupo antagonista), até porque o Estado brasileiro não é exemplo de combate as drogas, muito menos de atendimento/recuperação eficaz aos dependentes químicos.


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Caju - Zona (Graffite - 98fm)

domingo, 1 de janeiro de 2012

10 Previsões para 2012!

Não faço o tipo guru oriental, muito menos de clarividente, porém a minha experiência como cidadão consciente já torna possível fazer certas previsões para este 2012 que se inicia hoje; vamos lá, e se possível me cobrem depois:

1. O mundo continua a sua caminhada imerso no caos: Europa em crise social e econômica (países como a Grécia, a Espanha, próximos de abandonar a zona do euro - um projeto fadado ao fracasso não é de agora), Oriente Médio violento e repleto de incertezas, a dita "Primavera Árabe" iniciada em 2011 não significará mudanças profundas na ordem das coisas e os povos afetados por estes movimentos sentirão o dissabor da dita "democracia ocidental".

2. As eleições municipais de nosso país serão o reflexo de uma política nacional anêmica, fisiológica, onde petistas e tucanos deflagarão disputas enfadonhas pela hegemonia política do país, alinhados com uma série de partidos de aluguel.

3. O país não avançará em setores estratégicos e não realizará as tão necessárias reformas (política, tributária).

4. Continuaremos sendo um dos poucos países do mundo onde a reforma agrária ainda é um sonho distante, e os conflitos no campo não cessarão.

5. O conservadorismo anacrônico continuará se manifestando sob a forma de agressões homofóbicas, desrespeito as mulheres (mortas diária e covardemente em nosso Brasil), intolerância as diferenças.

6. Muitos compatriotas irão perder suas casas e vidas, vitimados por chuvas de verão, e os governos manter-se-ão inoperantes e incompetentes quanto a prevenção e combate as tragédias naturais.

7. Continuaremos destruindo o planeta aos poucos, preservando o sistema e a ordem do Capital em detrimento aos ecossistemas, aos sinais de esgotamento da mãe Gaia. Lixo, poluição ambiental, monóxido, óleo no mar, desmatamento, queimadas, radiação.

8. A Presidente Dilma realizará uma reforma ministerial insuficiente, manterá uma base política de apoio formada por animais peçonhentos, e muitos escândalos serão deflagrados em Brasília - para alegria da imprensa burguesa.

9. Educação e Saúde continuarão sendo tratados como gasto público, nunca investimento. Seremos uma das maiores economias do mundo, hoje a sexta, porém a concentração de renda e a miséria permanecerão como marcas indeléveis desta brasilidade deturpada. Greves serão iniciadas nos mais diversos setores da vida social e todas serão reprimidas pelo Estado opressor, alinhavado com a Justiça pelega e classista.

10. O futebol, o Carnaval, a nova e débil musicalidade brasileira, as bundas televisivas, o plim-plim hipnótico, os feriados intermináveis, a ignorância, serão os escapes de nosso povo sofrido - dominados e anestesiados pelo espetáculo debordiano.