sábado, 24 de julho de 2010

Anarquia e Thelema - forças da Vontade Cósmica

Nesta noite alguém  muito  próximo me perguntou: "Tiago,  como é que  você se diz anarquista,  materialista, cético, e vem com esse papo de Crowley e sociedade  alternativa pra cima de  mim? Você está entrando, com a cabeça e tudo, em uma enorme contradição!".

Pois bem, a priori  pode  parecer contraditório mesmo,  levantar a  bandeira da anarquia e de certa maneira segurar a Thelema em  uma das  mãos. Como eu  nasci  para a  ousadia, ela está marcada  em  cada poro no meu ser, afirmo: há  como se utilizar, dialeticamente, a visão  político-social anarquista com a ética  thelemática, não  com o oculto que se apregoa a esta última.

O  que diz,  em  síntese, a ética thelemática:  cada ato humano é  um ato  individual de amor,  portanto tudo é válido dentro da "lei"; a  "lei", que  não  é o contrato social estabelecido e  compreendido por filósofos do século 18, é simplesmente fazer  o que a vontade contida dentro de você mandar. E não se preocupe com a  vontade em si, ela é uma energia integrada ao Universo, e que inclusive  lhe  dá vida e mobilidade (como também entendia Arthur Schopenhauer).

Oras, qual o questionamento primordial  do ideário anarquista: de onde vem a dita "autoridade"? Esta, diz a anarquia, é um factóide, é  algo sintético, produzido pelos homens de forma a  legitimar uma sociedade dividida em classes sociais  onde as vontades são subjugadas em nome de uma vontade única, geral,  maquiada de democracia e que é o  autoritarismo  por excelência - a figura do Estado.

Ao  se  deparar com a ética  thelemática, esqueça o oculto presente nas  palavras de Crowley (como nas inspirações  egípcias, as eras cósmicas e o novo éon, os rituais envolvendo orgias e bacanais sem fim), fixe em  sua  mente esta ideia revolucionária: "todo homem, toda mulher  é  uma estrela  (...) faça  o que tu queres,  há de ser tudo da lei". Pronto, aqui encontramos algo nitidamente anárquico.

O  que nos diz  o Estado todos os dias:  isso pode, isso  não  pode, isso é certo, isso é errado, em suma, determinando cada  pormenor de nossas vidas, usando o argumento de que sem a tutela deste nós estaríamos uns  matando aos outros. Mentira.

O ser  humano, e nisso  Rousseau acerta em cheio, é um animal gregário naturalmente. Precisamos  uns  dos  outros, não  no sentido egoístico, mas que  sem uma  comunhão com o outro nossas vidas não seguem adiante, a espécie não perdura.  O problema é que, de alguma  maneira, algo de egoístico ascendeu e gerou a propriedade privada, iniciando a formação de  uma sociedade anêmica por nascimento. 

O egoísmo  é uma deformação  da Vontade cósmica, é quando uma ação passa a querer delimitar a ação do outro; do tipo "isso é  meu, não  é seu", "não  entre aqui", "isso é mal", "proibido", etc. E o que a Vontade, de natureza não-egoística, diz: faça o que quiser!

Só que a minha ação, livre,  como  ato de amor, jamais irá se manifestar como a limitação da vontade do outro, mas como fomento a liberdade de ação do outro. Isso é, de maneira ousada, tentar reunir, na  mesma bandeja ideológica homens tão diversos como Bakunin e Crowley.

Viva a sociedade alternativa! Viva a anarquia!

Um comentário:

  1. fiquei muito feliz em localizar um blog de um dos professor mais competente deste mundo,estou comtigo e não abro professor,sou o maior e melhor Divulgador de seus trabalhos na internet,sou anarquista cristão sou libertario e sou da luta, recife pe.

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