terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Adeus Sócrates (1954-2011)

 


No último domingo uma ambiguidade nos corações corinthianos: alegria pela conquista do quinto título nacional de futebol e dor pela perda de um de seus maiores ídolos o ex-atleta profissional, colunista de Carta Capital e médico Sócrates Brasileiro, ou dr. Sócrates, Magrão para os íntimos e amigos (interessante notar que em sua juventude o meu pai, Mauro Menta, tinha este mesmo apelido - me lembro ainda menino ouvindo as pessoas chamarem o meu pai no início dos anos 80 de Magrão...).
 
Não conheci Sócrates pessoalmente, e o vi jogar já em final de carreira, defendendo o Santos, a seleção brasileira de 1986 na Copa do México, pois quando a dita democracia corinthiana vigorava nos gramados do país eu tinha apenas 4, 5 anos de idade, e nesta idade eu curtia o jogo de bola mas nada que hoje possa me lembrar com maior clareza. Dos atletas da democracia conheci apenas o volante Biro-Biro, também em final de carreira no final dos anos 80, quando aparecia no litoral paulista, especialmente em Praia Grande (lugar em que moram meus avós a mais de 20 anos).
 
De qualquer forma a democracia marcou época, isso com o Brasil em vias de lutar pela reabertura política, dentro das Campanhas pelas Diretas Já em 1984, vigorando o regime de exceção nas mãos do equino general João Figueiredo (que preferia cavalos a seres humanos ao seu lado); imaginemos hoje, com o futebol ainda refém de empresários e grupos de cartolagem, um clube onde seus atletas tinham participação efetiva na administração do clube, organizavam as atividades do elenco como concentrações, etc. Pois é, de dentro do Parque São Jorge dava-se exemplo ao país de como a autogestão, democrática, é o caminho mais humano e justo dentro de uma coletividade, seja uma equipe profissional de futebol ou um país!

E o dr. Sócrates acabou ficando uma espécie de Lênin corinthiano, liderança prática e teórica, visto o seu engajamento não só como atleta mas como cidadão cônscio. E quis o destino, a deusa Fortuna, que na tarde de ontem o nosso glorioso alvinegro vencesse mais um campeonato, dificílimo, contra o maior rival "fedido" da zona oeste no mesmo dia em que Sócrates saiu da vida e entrou na eternidade, na história.

Meus sentimentos aos amigos e familiares, compartilho com todos a dor por esta grande perda do Brasil e do esporte brasileiro.

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