segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Brasil matou mais uma criança no Rio de Janeiro

A noite de Natal da família da pequena Adrielly, 10 anos de idade, não poderia ter sido mais trágica: a menina foi vitimada por uma bala "perdida" no morro do Urubuzinho, zona norte do Rio, e agravante - pouco mais de 8 horas de espera por atendimento médico no hospital municipal Salgado Filho; resultado: morte cerebral no último dia 30 de janeiro e tempos depois o seu esperado e derradeiro falecimento.

Tal evento, mais um entre tantos outros que reafirmam a nossa violência urbana, a ineficiência de nossa saúde pública, é, essencialmente, mais um assassinato cometido pelo Estado brasileiro!

Hoje não vivemos mais os anos de chumbo (1964-1985) onde brasileiros eram perseguidos e mortos nas mãos de um Estado policial, não, estamos vivendo em plena e glorificada "democracia". Democracia esta, perversa, que de democrático mesmo podemos afirmar que todos partilhamos desta anomia que hoje é o Estado brasileiro: gigante, corrupto, incompetente, desumano. 

Mas, podem me questionar, como é que o Estado brasileiro assassinou a pequena Adrielly? Primeiramente a dita bala perdida, sinal do estado de insegurança pública em que vivemos, além da entrada indiscriminada de armas e munições em nosso país (sinais claros de um território sem fronteiras para o crime). Isso sem dizer o pior: esta mesma bala pode ter vindo da arma de algum oficial, policial, à serviço deste mesmo Estado matador e assassino. Segundo ponto, talvez o mais dramático e que chamou a atenção de todos nós, as incompreensíveis e inaceitáveis oito horas de espera para o atendimento médico, de máxima urgência, em um hospital municipal com a "justificativa", capenga e agora investigada e apurada pela justiça, de que o profissional que deveria estar de plantão estava ausente por discordar da distribuição de turnos e plantões. Infame, para dizer o mínimo! 

Fiquei me imaginando numa situação destas, me colocando no lugar do pai da menina, em um hospital com a criança baleada e esperando atendimento por horas e horas....não sei se teria condições de me manter normalizado, creio até que iniciaria um tumulto sem tamanho no hospital...triste, muito triste. 

Espero que a população deste país, de merda, comece a catalogar este e mais outros tantos casos que virão, de mau uso de nossos impostos, de péssimos atendimentos na saúde, nas escolas sucateadas e nos professores desmoralizados, com salários de fome, e submetidos a um sistema educacional tacanho e irracional; do crime que se instaura e se expande porque este é um país de valores corrompidos (pelo Capital, claro) e que não dá ao jovem condições de se realizar na vida, e que, a partir da tomada de uma consciência do erro que é a democracia em que vivemos, passemos para a construção, apartidária, não-institucional mas popular, de uma genuína e real democracia. E a única democracia real só pode ter um caráter revolucionário.
Esta foto é de um pai com seu filho, ferido, na Faixa de Gaza (alusão clara à guerra social que vivemos aqui)

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