quarta-feira, 24 de julho de 2013

Bebê (ir)Real Britânico

Sinceramente é difícil aceitar (claro, como brasileiro habituado a viver numa República, mesmo que de bananas) o fetiche britânico sobre a família real, sua monarquia. Politicamente pouco ou nada representam ao país, sendo este uma Monarquia Constitucional (Parlamentarista) - cabendo a rainha Elizabeth II o papel de "chefe de Estado" que lhe dá direitos como o comando das tropas ou mesmo representatividade no estrangeiro. A economia, suas decisões e planificação, está nas mãos dos políticos de carreira, assim como projetos de desenvolvimento para o país. Então, de onde sobrevive o fetiche pela monarquia? Por que ela se sustenta, e dos impostos britânicos, até os dias de hoje?

A cultura. Sim, a monarquia britânica é hoje um fenômeno das mentalidades e não um fenômeno político. Alguns especialistas, quando querem explicar o fetiche presente na sociedade estadunidense sobre esta mesma família real, indicam até a maciça produção dos estúdios da Disney ao longo de décadas com suas rainhas, princesas, príncipes, etc. Ou seja, ainda persiste, nas mentalidades, um fetiche ligado a toda uma estética e conduta dos "contos de fadas". 

O nascimento do bebê "real" é um evento. Qual será o nome do pequenino príncipe, filho dos aristocráticos William e Kate (há disputas ocorrendo nas famosas bolsas de apostas londrinas)? Vive, britânicos e até não-britânicos, a fantasia "real" de presenciar pílulas da vida, nada monótona, da família real britânica. E pior, vislumbrando que esta mesma família tem os seus pecados, muitas vezes escancarados publicamente (vide a separação de Charles e Diana, a vida pessoal da ex-princesa que inclusive encaminhou o seu fim trágico num acidente de carro). 

De qualquer forma é bom sinalizar que a imagem da família real britânica vem se descascando ao longo do tempo, num mundo que escancara o privado em público (misturando os dois, descaracterizando o que é um e outro), globalizado e "desencantado" (no sentido weberiano do termo).  Fica claro que os príncipes do século XXI não só promovem bailes e muito menos são exemplos de dignidade, estes usam drogas, se divorciam e nem governam os seus países. A realidade vai, lentamente (como é natural nas mudanças mentais), corroendo o velho glamour real. Contudo, este glamour ainda subsiste e fica evidente nestes poucos dias de vida do bebê (ir)real britânico.




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