Raul Seixas sob a luz da Thelema "Novo Eon"

Novo AeonRaul Seixas

O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais

Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica
O outro sai do lar
E até as mulheres ditas escravas
Já não querem servir mais
Prof. Tiago Menta: as pessoas iniciam um processo de libertação, seja o operariado, a mulher, ninguém mais aceita manter-se escravo da sociedade que  mantém o homem na fábrica e a mulher dentro de casa.

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No páreo inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente
Prof. Tiago Menta: a dita  "mãe Serpente" nos  remete a ideia de  uma grande matriarca universal, dai a referência  ao elemento feminino por excelência, marcado pela intuição e a serpente como símbolo de astúcia. Proximidade  com Tiamat, deus babilônio. Veja a  imagem abaixo:

Prof. Tiago Menta: a proposta é simples,  tocar a flauta da  mãe serpente,  ou seja, deixar-nos  tomar pela intuição, deixando o páreo de Adão  um  pouco de lado  - a razão. E desta forma nascerá o  novo eon  (o  novo homem da  Era de Hórus): o bebê que dança  uma dança "bem  diferente".

O vento voa e varre as velhas ruas

Capim silvestre racha as pedras nuas

Encobre asfaltos que guardavam
Histórias terríveis

Já não há mais culpado
nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?

Prof. Tiago Menta: durante a Era de Hórus, iniciada  em 1904 e que perdurará  por 2  mil  anos  (até 3904), este novo homem será forjado lentamente, e  todos seremos de  certa maneira crianças (com atitudes  infantis - instinto, irresponsabilidade,  confiança e inocência). Este trecho é muito significativo, com uma  mensagem bacana: se somos  todos iguais, se  não  há mais culpa, somos  todos crianças no Universo, qual a sua justificativa para impor a  sua vontade sobre os  outros, e  pior qual  a sua justificativa para punir aquele que não  é como você? Sensacional!

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No páreo inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

Querer o meu
Não é roubar o seu
Pois o que eu quero
É só função de eu

Sociedade alternativa
Sociedade novo aeon
É um sapato em cada pé
É direito de ser ateu
Ou de ter fé
Ter prato entupido de comida
Que você mais gosta
É ser carregado, ou carregar
Gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar
Jesus Sofrer!

Prof. Tiago Menta: a  mensagem de Raul é clara - somos todos iguais, essencialmente falando. E a dita sociedade alternativa, baseada  nos preceitos da  Thelema (livro da Lei, escrito por deuses egípcios que inspiraram Aleister Crowley), onde cada  homem e mulher é  uma estrela de luz própria (no final da música  Sociedade Alternativa isso é apontado), orbitando  em  torno de si mesmo, guiados pela Vontade (nota-se a influencia shopenhaueriana no pensamento de Crowley) cuja ação no Universo é sempre um ato de amor. Por  isso "faça o que tu queres" porque a  vossa ação, dentro de  uma concepção thelemática, é  um ato de  amor, sempre.