terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Desiludindo os apostolos de todo domingo

"Olá, bom dia, viemos aqui para falar da Bíblia, o senhor por acaso já leu a Bíblia? Hoje estamos passando nas casas para falar sobre o Éden".

Isso eram quase 10 da manhã do último domingo, aqui na porta de casa, onde dois evangelizadores e testemunhas de Jeová pararam com o objetivo de falar das coisas de "deus" para mais um cidadão brasileiro, que relaxava em mais um "domingão bravo".
Não contavam que do outro lado não estaria um religioso, sequer um católico não-praticante, ou mesmo um outro protestante frequentador de uma das milhares de igrejas neopentecostais espalhadas Brasil afora, mas um ateu praticante.

O que é um ateu praticante? Oras, não é o cara que faz proselitismo, eu mesmo não fico andando por ai, batendo de porta em porta, apostolando sobre as conquistas da ciência e a teoria da evolução que colocaram o deus judaico-cristão e demais divindades literalmente "na lona". Não, o ateu praticante é aquele que convicto de seu ateísmo, não tem o menor temor em se dizer ateu, com o objetivo claro de delimitar espaço dizendo para a sociedade, com orgulho, "ei otários, sou ateu e me respeite". 
Quando recebi os evangelizadores em minha porta no último domingo tratei-os com o devido respeito, e dialoguei abertamente com eles sobre a minha convicção e visão totalmente diferenciada da que os mesmos tinham sobre as ditas escrituras "sagradas", tudo amparado nos anos de estudos em ciências humanas e até a mais tempo como sujeito histórico crítico e que desde tenra idade não conseguira engolir o "argumento" religioso, baseado na fé, algo sem fundamento, e recheado de mitologias e elementos fantásticos (como a criação a partir do barro, animais todos em uma arca, mar sendo aberto pelo toque de um cajado, água virando vinho, peixes e pães caindo dos céus ou mesmo porcos tomados por demônios).

O interessante no caso foi notar como que os evangelizadores simplesmente se surpreenderam com o fato de talvez, pela primeira vez na vida deles, terem se deparado com alguém declaradamente e convictamente ateu. A fisionomia de ambos, atônitos, e sem contra-argumentar após as minhas colocações e negativas quanto a qualquer "estudo" religioso ou conforto religioso, mostra que nós, ateus brasileiros, temos que literalmente "sair do armário" ideológico de que o ateísmo não é uma posição válida e aceitável, pelo contrário, é a resposta mais corajosa, desafiadora e mais humanista que se possa ter diante da existência - um fenômeno natural sem propósito algum (e não precisa ter).

Espero que mais religiosos venham bater a minha porta nas manhãs de domingo, e eu, com orgulho e argumentos preparados a muito tempo pela experiência e estudos,  possa surpreendê-los com a frase impactante "não obrigado, eu sou ateu e tenho uma visão completamente diferente das suas, pois sou um cientista e compreendo a religião como um fenômeno puramente social e antropológico; pode deixar o seu folheto na minha caixa de correios e tenham uma boa tarde".

Que belo esporte é desiludir aqueles que estão imersos na alienação...

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