domingo, 6 de fevereiro de 2011

Futebol não é mais esporte...é guerra!

Nesta semana o Corinthians fora derrotado por uma equipe colombiana na Taça Libertadores de América 2011, em sua fase inicial, gerando uma crise interna no clube e em especial uma revolta violenta de parte de sua torcida, que enfurecida apedrejara os vários carrões de atletas e funcionários do clube.

Bom, isso ai que parece noticiário esportivo, algo sempre do mais duvidoso "bom gosto" (textos e análises pobres, muito pobres, com noticiário falseado e servindo a uma centena de interesses), me obriga a refletir sobre o tema da violência praticada por parte de nossos torcedores de futebol.

Primeiro o futebol não é esporte, não hoje. É business, é negócio, que envolve milhões e milhões de dolares, euros e reais, gerando uma economia quase à parte. Se antes atletas permaneciam como ídolos de seus clubes por décadas, hoje o jovem que mal sai da vida amadora no "esporte" já vislumbra um contrato milionário no exterior, em especial no futebol inglês ou espanhol. Migração esta que é corretamente entendida como "perna-de-obra", exportada a peso de ouro pelos clubes mais empobrecidos, em especial os latino-americanos.

Diante desta  nova realidade, a imprensa esportiva ainda tenta vender a ideia de esporte do futebol, quando na realidade difunde uma competitividade entre os amantes do esporte de maneira a provocar, inconscientemente, sementes de animosidade em muitos de nossos torcedores - a maioria marginalizados e organizados, como processo de aceitação social a partir do agrupamento, e que portanto passam a enxergar o futebol como algo muito além do que deveria ser, um esporte, apenas um esporte.

A imprensa divulga a ideia de que perder é, no caso dos grandes clubes e que arrematam milhares de torcedores, quase algo proibitivo, senão proibitivo e vergonhoso. Um grande clube deve vencer, vencer sempre, conquistar os sonhados títulos e se sobrepujar diante de seus rivais.

O jogo, em si, tornou-se algo cada vez mais embrutecido, rápido, com atletas de formação física privilegiada, tornando a partida uma verdadeira batalha por espaços no campo, por posse de bola, e dai a palavra mágica na boca dos "cronistas": marcação, marcação, marcação...

É fácil entender a violência futebolística, até porque em primeiro lugar vivemos uma realidade violenta por si mesma, independente da existência ou não deste tipo de entretenimento das massas. O perverso, no caso, é que isso é reforçado, diariamente, em nosso país, pela imprensa nacional que enxerga o futebol como "razão de ser e da existência da humanidade".

Difundem a ideia de que é aceitável faltar a um dia de trabalho para ir ao campo de futebol torcer pelo seu time, que é aceitável um pai deixar de comprar coisas úteis para a vida familiar para gastar parte de seus rendimentos com idas ao campo, que é aceitável fazer uma loucura qualquer pelo seu clube como por exemplo andar de joelhos no campo após a conquista de um título a tanto tempo desejado...

Dizem que o mundo para, e deve parar, quando duas equipes estão em campo a disputar uma partida decisiva, valendo vaga ou mesmo a conquista de um título. Que é aceitável países pobres como a África do Sul em 2010 e em breve o nosso país se submeterem a exigências da entidade mantenedora do futebol internacional, FIFA, desrespeitando todos os limites sócio-econômicos dos países-sedes com o argumento, mentiroso, de que a Copa do Mundo de futebol é agente transformador e difusor de qualidade de vida ou mesmo desenvolvimento econômico.

Que os atletas, já imersos na sociedade do espetáculo, são tidos e vistos como seres meta-humanos, vivendo vidas falsas e curtas, porque depois que as pernas começam a doer e falhar, as cifras e glórias vão se esvaindo rapidamente. E que pessoas como Pelé seria um "extra-terrestre", que Maradona é um "Deus", e dá-lhe adjetivos superlativos para os apontados como craques de bola.

Isso tudo gerou no velho futebol uma espécie de atividade que é tudo, menos esportiva. Gerou não mais homens e atletas, mas monstros criados em torno do próprio ego e que reforçam no imaginário de muitas minorias sociais a certeza de que ser "pé-de-obra" é uma posição social a ser almejada por todos, e dai, estudar pra que quando se pode ascender socialmente apenas pelo bom domínio de um objeto plástico em forma de esfera.

Se enganam os que acham que não gosto do futebol, do esporte, que já não existe mais a algumas décadas, e isso é, em minha opinião, culpa da imprensa esportiva: estérica, burra, mitificadora e reprodutora de uma ordem ou lógica social perversas (a competição, a vitória como fim absoluto, o esporte como negócio, o clube esportivo como empresa, o atleta como investimento e marketing, etc.). E se hoje alguns corinthianos, alienados, organizados como selvagens, atacam as propriedades dos meta-humanos vendidos como atletas, uma boa parte disso deve ser creditada a maneira também alienada que a imprensa esportiva trata do assunto.

Tem alguma dúvida, reflitamos sobre a lista abaixo de "ilustres" "jornalistas esportivos":
- Neto (Band)
- Milton Neves (Band)
- Flávio Prado (Gazeta)
- Renato Maurício Prado (Sportv)
- Paulo Calçade (Espn Brasil)
- Paulo Vinícius Coelho (Espn Brasil)
- Luciano do Valle (Band)
- Galvão Bueno (Globo)
- José Trajano (Espn Brasil)
- Fernando Calazans (Espn Brasil)
- José Datena (Band)
- Gerson (rádio Globo)
E há tantos outros Brasil afora, em outros estados que não Rio e São Paulo (polos econômicos e telecomunicacionais), que refletem a mesma ideia, a mesma barbárie travestida em "análise" de um esporte que atrai milhões não só de pessoas, mas de moedas, e pior, de vidas - desgraçadas pela alienação difundida pela visão alienada do que é, verdadeiramente, o futebol: um esporte criado para o povo e pelo povo, e não para a produção de diversos mecanismos de mais-valia.

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