domingo, 4 de setembro de 2011

Educação Mineira Paralisada a 90 dias!

Os educadores mineiros paralisaram suas atividades em 8 de junho, completando quase 90 dias de movimento grevista na luta pela implementação do piso salarial nacional por parte do estado aecista, capitaneado pelo tecnocrático governador Antonio Anastasia.
Neste extenso período o Estado vem se utilizando das artimanhas de sempre para intimidar os grevistas: contratação de substitutos, corte nos salários, tentativas judiciais de ilegalizar o movimento.
Depois de não se pronunciar sobre a greve por mais de mês, mostrando insensibilidade total com a educação estadual, o Estado mineiro iniciara infrutíferas negociações com os grevistas tendo por intermédio o ministério público estadual. Primeiro não aceitava sequer negociar o piso nacional, depois com a decisão do STF de que o piso não só é constitucional como é a base dos vencimentos dos educadores (não inclusos direitos adquiridos como transporte, alimentação, promoção por tempo de serviço, etc) o mesmo mudou o tom e na última quarta-feira, depois de meses de iniciada a greve, fizera a sua primeira proposta ao sindicado (rejeitada por equiparar um piso de nível médio com licenciaturas).
Parte da sociedade mineira ainda não percebeu que a greve se mantém extensa pela falta de habilidade ou mesmo de política do governo estadual, tecnocrático a ponto de distanciar-se de todo e qualquer interesse social; um governo estático, imóvel, frio, confundindo-se com a própria figura do governador Anastasia e de parte de seu secretariado (todos gélidos, como contadores e suas máquinas de calcular); neste sentido, apesar do desinteresse tucano em fazer justiça social ou mesmo em valorizar efetivamente a educação nacional (sequer pensar a educação nacional, ou alguém conhece alguma iniciativa tucana que transforme o quadro atual da educação brasileira?) o presente governador Anastasia nos provoca uma estranha sensação: de que com o Aécio Neves no comando do estado a greve já estaria melhor negociada, pois o senador é, pelo menos, político de carreira, e como tal, sabe o momento certo de ceder, mesmo que os dedos para depois não perder a mão - ao contrário de Anastasia que insiste em perder o braço!
Nesta quinta-feira, dia 08, haverá nova assembléia dos educadores mineiros e dias antes as negociações deverão seguir o seu curso, apesar da verborragia idiota do governo estadual (que deve estar gastando rios de dinheiro público com anúncios na tv, nos jornais e rádios para sensiblizar a população mineira contra os professores - apontados como intransigentes e até mesmo vagabundos).
 
Cegueira Burguesa
Nestes tempos de longa greve e sequentes mobilizações nas ruas de todo o estado, em especial nas áreas centrais de Belo Horizonte, é de estarrecer os argumentos, pequeno-burgueses, divulgados como "crítica" pela imprensa vendida: de que a população (aliás, uma pequena e privilegiada parte da população) está sendo prejudicada pelo caos provocado no trânsito da cidade durante as mobilizações de professores.
Ao invés de tomar ciência de que algo de muito errado ocorre em nosso estado, e que o futuro de nossa gente é cada dia mais comprometido com a falta de investimentos na educação, reclamam, egoísticamente, de que não conseguem chegar em casa depois de um dia de trabalho! 
E nós, professores, que não conseguimos dignidade com a desvalorização insistente de governos brasileiros sobre a educação? E os milhares de alunos, cerca de 85% dos estudantes brasileiros, tratados como gado nas escolas públicas de todo Brasil? E a violência intra-escolar, que a algumas semanas pudemos novamente presenciar com a agressão filmada de diretora de escola em Contagem-MG, ou mesmo a chacina dentro de uma escola fluminense no ano passado e que estarreceu todo país? E o piso salarial, que tanto se luta Brasil afora e que na realidade é uma afronta ao bom senso quando se pretende assalariar um profissional de nível superior e da importância social de um educador com míseros R$ 1100,00?? 
Não, a greve é ruim, porque o trânsito piora com a greve nas ruas....quando o lugar, real da política desde os gregos antigos, é a rua mesmo e não as assembléias! Política se faz nas ruas, nas ruas!

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