sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dados apontam: o brasileiro não consome cultura!

Pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ indica, que em 2011:
28% dos brasileiros leram um livro.
24% dos brasileiros foram ao cinema.
24% dos brasileiros foram a um show musical.
9% dos brasileiros foram a uma peça teatral.
Logo, em números absolutos
Apenas 43% dos brasileiros fizeram algum programa cultural no último ano!
A partir desta triste realidade nacional pergunto "o brasileiro não consome cultura porque não se interessa pela cultura tradicional ou ele não tem acesso a mesma?", ou seja, o problema está no brasileiro como ser social ou o problema seria meramente econômico? Falta interesse-vontade ou grana?
Arrisco-me a dizer que são ambas as coisas. Não há no brasileiro médio um interesse em consumir cultura, e isso eu constato entre os meus próprios familiares, em especial nos mais velhos (sempre pragmáticos, e também pelo histórico apático de uma vida de privações ou mesmo da completa ausência de estímulos culturais); e claro, dentro de um país extremamente desigual sempre faltará recursos para que as pessoas tenham lazer e  entretenimento.

Dentro da lógica econômica do problema é fácil compreender a partir de um exercício simples, como um estudo de caso: pensemos em uma família nuclear clássica (casal + duas crianças) e um programa familiar simples como ir ao cinema (dentro do shopping center mais próximo de casa, e todos utilizando transporte público para o passeio); logo
R$ 25,00 transporte público ida e volta
R$ 50,00 ingressos (duas inteiras e duas meia entradas)
R$ 30,00 dois combos com pipoca e refrigerantes
Total do passeio: R$ 105,00!!
Valor atual do salário mínimo: R$ 622,00; ou seja, um único passeio com a família pode consumir quase 20% do salário mínimo....em suma cultura é um bem ainda muito caro neste país. Dai a difusão sem fim da pirataria nas ruas.

Eu mesmo, um professor do ensino médio, ainda tenho dificuldades em consumir cultura. Lembrando que para um educador o consumo cultural é um insumo fundamental para manter-se um bom e atualizado profissional. Leio muito, mas menos do que gostaria. Vou ao cinema e ao teatro, mas menos do que gostaria. Música, é ainda mais complicado, primeiro porque Belo Horizonte não é tradicionalmente uma cidade de grandes eventos musicais (geralmente somos obrigados a ir até São Paulo ou Rio de Janeiro) e mesmo assim quando acontece algum evento o ingresso não sai por menos de R$ 200,00 (que paguei, por exemplo, para assistir o show de Ozzy Osbourne no Mineirinho em 2011). Agora até o futebol, antes democrático, agora cada vez mais elitizado. 

E assim, a ascendente classe C compra televisor de plasma em 24x, carro popular em 48x, e continua assistindo dvd pirata a R$ 2,00 comprado na esquina de casa ou no shopping popular das grandes cidades; revistas, assinatura de jornais, internet banda larga, tv à cabo, sonhos ainda distantes...

Um comentário:

  1. Música, teatro, cinema.. num te parece uma cultura importada?.. é lindo assistir filmes antigos que mostram castelos desenhados pelas mãos de famosos arquitetos e num jardim matematicamente podados pra construir um ambiente agradável a uma jovem madeamoasele que elegantemente ler seu livro e ao fundo uma bela música orquestrada faz-a lembrar dos belos concertos apresentados nos mais belos teatros europeus... o que quero dizer é que por mais que em pleno século XXI (vale dizer que não significa que somos muita coisa)as possibilidades saltam aos nossos olhos como ao alcance de todos, a cultura (ai cito às referentes a música, teatro, cinema)se apoia num link histórico onde em toda história da humanidade essa vem sendo de prioridade elitista e o que sobra ao grande público são as chamadas manifestações do gueto.. posso pensar no carnaval como forma de exemplificar isso?..e acho até impressionante como apesar do carnaval ser uam festa popular ainda conseguem dividir entre o carnaval livre e o privado.. mas enfim.. é isso.. rsrs

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