quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Greve baiana e o Estado brasileiro apolítico

Os 10 dias completos do movimento grevista na Bahia é o retrato mais evidente da crise que vivemos não só na segurança pública, mas além, a crise do Estado brasileiro que não realiza, efetivamente, políticas públicas sérias e que levem em conta o bem estar dos cidadãos.

Polícia bem equipada, treinada, motivada e bem remunerada; médicos, professores, a mesma questão/problemas (total desvalorização profissional). Formamos uma verdadeira tríade que dá um fiel retrato de nosso país: basta averiguar sempre por quantas andam a nossa Segurança, Saúde e Educação.

O movimento baiano é legítimo como qualquer movimento que lute por uma categoria profissional, e não me venham com o papo, idiota, de que a greve não se qualifica por ter caráter político. Aqui em Minas Gerais no ano passado os professores da rede pública estadual mantiveram movimento de greve por 112 dias (pela implantação definitiva do Piso Salarial Nacional em nosso estado e pelo estabelecimento de um plano de carreira digno e justo) e qual era o papo do governo tucano "o movimento é político".... Insisto: é político sim, e isso não desqualifica qualquer movimento grevista, pelo contrário. Fazer política é condição humana inerente, e quando uma categoria profissional luta por seus direitos e valorização social esta o faz por meios políticos antes de tudo. Oras, o Estado brasileiro quer que os trabalhadores, os sindicatos, não façam política? O que querem que façamos?

O Estado brasileiro, autoritário, classista, conservador, não quer e não sabe dialogar com a sociedade civil. Não quer que nós, cidadãos, façamos política - porque a definição de política para o Estado brasileiro se resume ao partidarismo inerte e fedorento, ao voto obrigatório de cada quatro anos (a chamada democracia representativa, e só).

Eu só espero que este movimento dos policiais baianos seja uma sinalização de união entre todos os servidores públicos do Brasil. Afinal, chega a ser ridículo hoje você ver uma categoria unida em torno de um movimento justo e amanhã ver esta mesma corporação batendo em professor que está nas ruas pedindo pelas mesmas coisas e lutando por uma mesma valorização profissional.

Independente dos rumos e consequências finais do movimento grevista na Bahia quero aqui deixar o meu apoio incondicional aos policiais baianos e também a todos que como eu servimos a população brasileira com profissionalismo e dedicação - apesar de todos os governos e governantes, apesar de todas as humilhações cotidianas, apesar do salário insuficiente e desmotivador.




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