No texto sobre o filme "Lincoln" acredito que ficou no ar, para alguns, o que vem a ser "libertação jurídica" dos negros, contrariamente a uma esperada libertação étnica ou racial.
Liberdade jurídica, no contexto da aprovação da 13º Emenda Constitucional estadunidense, é considerar a população negra liberta de qualquer forma de trabalho escravo ou servil: uma tradição sulista e que era desejo dos ditos Confederados levá-lo aos confins do oeste americano (o que alguns historiadores chamam de imperialismo do algodão). Com a aprovação da emenda, sob batuta de Lincoln e os "radicais" do Partido Republicano (sim, como imaginar isso quando nos tempos atuais vislumbramos a família Bush, o grupo tea party, comandando o partido que já tivera entre os seus George Washington e o próprio Abraham) os negros deixavam de ser considerados propriedade, legitimando-os como seres humanos, porém sem os mesmos atributos sociais, políticos, econômicos dos americanos brancos.
Seja no norte medioclassista e industrial, seja no agrícola e violento sul dos Confederados, ambos consideram o negro "um homem à parte", indigno, por exemplo, de votar ou mesmo ser eleito para ocupar cargos públicos (algo que acontecia, de maneira semelhante, com as mulheres).
Lincoln libertou os negros do trabalho escravo, e estes estavam livres para permanecerem em situação desfavorável na sociedade americana, dai a continuidade nefasta de uma política racial de segregação - que irá de maneira angustiante marcar a vida estadunidense ao longo do século seguinte (vide as lutas de Martin Luther King, Malcolm X, a organização dos Black Panters, a violência da KKK, etc).
A eleição e reeleição, históricas, de Barack Husein Obama promoveram a libertação real dos negros dos Estados Unidos? Creio que não, pois os índices sociais e econômicos, quando comparamos brancos e negros, seja nos EUA ou no nosso Brasil, ainda apontam para uma discrepância enorme, unindo desigualdades classistas e raciais.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Sobre libertação jurídica e libertação étnico-racial
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Historiador e educador brasileiro. Nascido em São Paulo (12/08/1978), radicado em Belo Horizonte (onde viveu por 26 anos) e atualmente vivendo na cidade paulista de Atibaia (60km da capital São Paulo). Graduou-se (como bacharel e licenciado) como Historiador no ano de 2006 no UNIBH/ou FAFI-BH (recebendo prêmio em março de 2007 como destaque acadêmico do curso de História de sua universidade).
Atuou em projetos de pesquisa, na prefeitura (Centro de Referência Áudio-Visual)de Belo Horizonte sob coordenação da historiadora dra. Heloisa Greco/UFMG; além disso é um dos organizadores do acervo Carmela Pezzuti.
Como educador atuou na rede pública de ensino mineira desde 2004, quando ainda era universitário. Tivera experiências na escola da comunidade judaica de BH, e por mais de um ano fora professor-monitor do curso de História do UNIBH nas disciplinas História Medieval e Brasil República I. Desde 2014 é professor efetivo do Estado de São Paulo, e desde janeiro de 2015 tornou-se professor da educação básica do Colégio Atibaia, parceiro do Sistema Etapa de Ensino.
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