segunda-feira, 11 de abril de 2011

Música, Anestesia e as Massas

Na noite do último sábado, 09/abril, no Ginásio do Mineirinho eu e  mais milhares de aficcionados pelo bom e velho rock'roll conferimos, ao vivo pela primeira vez em Belo Horizonte, um dos mestres do heavy metal: Ozzy Osbourne e banda com a turnê do álbum "Scream" (deixado meio de lado na apresentação, com uma única música tocada no set list, privilegiando os clássicos dos anos 70/80, enfatizando a fase Black Sabbath).
É como "chover no molhado" dizer o quanto o show foi sensacional, apesar da conhecida problemática técnica do ginásio mineiro (superada com a potência e vigor do som, ensurdecedores); e o show, o evento em si, a reverência ao ídolo imerso numa multidão diversificada mas unida em torno do rock'roll.
 
Ali se viam casais, jovens e mais maduros, grupos de amigos, bêbados, cavaleiros solitários como o amigo que vos fala, malucos-beleza de toda espécie, cabelos ao ar, gritos, pulos, suor, agressividade, em meio aos cânticos sagrados de um deus real chamado "música".
Como a música é poderosa, como a individualidade consegue se esvair tão facilmente em meio a uma multidão que se transforma em massa homogênea, delirante e irracional: não me contive, subi numa cadeira (com meus mais de 100 kg de peso, destruindo-a facilmente), pulei como um animal enjaulado, com sangue nos olhos e garras prontas para "matar". A voz saía, forte, forçada (chegando ao ponto da afonia), ao ritmo ditado pela música pesada, em canções que falavam de amor, da morte, da vida, da máquina-humana, da magia, dos nossos demônios diários a nos atormentar a existência.
 
Por quase duas horas de apresentação eu deixei de ser o Tiago, o educador, o professor, o filho, o homem, eu me dissolvi em meio a multidão, tornei-me massa, tornei-me muitos e milhares, e dai podemos, depois com a cabeça no lugar, perceber o quanto a coletividade, organizada e determinada é, com toda certeza, a maior força que existe neste planeta - não há como detê-la, nem com armas nucleares.


Hoje a anestesia passou, que voltem todos os meus demônios!

Nenhum comentário:

Postar um comentário