quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Está chegando a "festa da carne" patrocinada pelo Capital e por Satã

Eu não gosto do Carnaval. Respeito aos que pensam contrário e buscam satisfação nesta festividade (muitos dos meus melhores amigos sempre curtiram o evento, e eu mesmo quando mais jovem tive a oportunidade de participar de alguns), mas eu não gosto.
O Carnaval é a dita "festa da carne", sintonizando cristianismo e paganismo desde a época medieval, e representaria um grande "desbunde", marcado por inversões e excessos, após uma série de momentos de introspecção religiosa de natureza católica (Natal, Quaresma, por exemplos). Ou seja, depois de uns tempos em meditação, reflexão, renúncias, eis que chega o momento de desforra, dando vasão a muitas coisas que nosso superego tende a algemar no inconsciente! E ai, bom, o homem veste de mulher e rebola na rua, sacaram...o lixeiro que é humilhado semanalmente veste a luxuosa roupa, brilhante, de príncipe árabe, rei disso ou daquilo....a cantineira da escola vira "rainha da bateria", e vamos invertendo a realidade pelo menos por um momento!
A minha formação cultural, política, filosófica e agora religiosa insistem em me manter com os dois pés no chão, em suma eu não tolero sair da realidade a este ponto que o Carnaval propõe. Me recuso a fechar os olhos para as dores do mundo, e fingir que vamos muito bem...
Outros fatores também me afastam do Carnaval, em especial o modelo de festividade que se vende a algumas décadas: menos popular, mais show bizz! O Carnaval sai das ruas, e se estrutura em torno de uma indústria do entretenimento (escolas de samba, grupos musicais, clubes, boates, desfiles, micaretas, etc)
Hoje o Carnaval é um apêndice da indústria do álcool, da música, do sexo. Nada mais carnavalesco que um jovem travestido com uma camiseta "vip", embriagado, em busca de momentos de prazer líquido, instantâneo (como tão bem exemplifica os textos do sociólogo polonês Zigmunt Bauman), com qualquer mulher que cruzar o seu olhar. Oh...quanto vazio existencial se esconde em cada sorriso.
Nas televisões, no Sambódromo, mulheres desfilam seus corpos, trabalhados pela ciência que produz ilusões, vendendo-se como séculos atrás ocorriam nas feiras de escravos. Quem dá mais? Que seios, coxas, pernas, bundas, quanto custam? E a indústria do entretenimento, mais pueril e rasteiro, gargalha de mãos dadas com Satanás (em termos espirituais ainda há dúvidas da origem de tudo isso?).
Sinceramente, durante mais um Carnaval, e no Brasil, eu tenho muitas outras coisas com que me preocupar e ocupar minha mente e atenções. Porém, nunca é demais propor as pessoas, de mente aberta e dispostas a se libertar, que repensem e reflitam sobre os sentidos, intrínsecos e extrínsecos relativos a festa da carne.


Um comentário:

  1. Na minha opinião, nobre amigo, isso tudo é feito durante todo o ano. Não é apenas no Carnaval que pessoas exibem seus corpos, homens se vestem de mulheres, pessoas se alcoolizam atrás de prazer. O Carnaval, entendo eu, ser uma festa típica brasileira. A Irlanda tem seu Saint Patrick's Day, os EUA tem seu Haloween entre outros. Vejo como cultura, que, eu, como milhões de pessoas usufruem para se divertir. Trabalho insessantemente durante todo o ano, e é justo nessa época que posso descansar de verdade. Um descanso mental e espiritual, mas um descanso (pois o corpo fica um caco, kkkkkk...). Sobre existirem interesses comerciais, me diga um feriado no Brasil que não haja? Você, como estudioso, deve ter ciência que essa história de quaresma não se comer carne e só peixe se vem de um acordo de um antigo Papa com produtores de peixes, pois as vendas andavam fracas.
    Apenas expressando minha opinião, caro irmão!

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