Herbert Marcuse (1898-1979), considerado um dos ícones do pensamento contracultural da década de 1960 (participando, ativamente, dos eventos engajados de 1968), é um intelectual partícipe da chamada "Escola de Frankfurt" ou filósofos "frankfurtianos", ao lado de Walter Benjamin, Theodor Adorno, Eric Fromm, Jürgen Habermas.
O trecho selecionado para esta postagem trata do tema, aristotélico, da felicidade (eudemonia ou eudaimonia). É parte da publicação de 1965 "Cultura e Sociedade" (Kuttur und Gesellschaft I), que reúne textos produzidos por Marcuse para a Revista de Pesquisa Social, produzida pelo Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt entre 1934-1938.
Com as palavras, mestre Marcuse:
O mundo do necessário, da provisão cotidiana da vida, é inconstante, inseguro e não livre - essencialmente e não só de fato. Dispor sobre os bens materiais nunca constitui inteiramente obra da sabedoria e da laboriosidade humanas; eles se encontram sob o domínio do acaso. O indivíduo que coloca seu objetivo supremo, sua felicidade, nesses bens, se converte em escravo de homens e de coisas que se subtraem a seu poder: renuncia à sua liberdade.
Riqueza e bem-estar não são alcançados e mantidos por sua decisão autônoma, mas devido a favores mutáveis de relações imprevisíveis. Portanto os homens subordinam sua existência a um fim em seu exterior. Que um fim exterior por si só já atrofie e escravize os homens, implica o pressuposto de uma ordem perversa das condições materiais de vida, cuja reprodução é regulada pela anarquia de interesses sociais opostos entre si, uma ordem em que a manutenção da existência geral não coincide com a felicidade e a liberdade dos indivíduos.
Na medida em que a Filosofia se preocupa com a felicidade dos homens - e a teoria da Antiguidade clássica insiste na eudemonia como o bem supremo -, ela não pode encontrá-la na constituição material vigente da vida: ela precisa transcender a faticidade desta.
MARCUSE, Herbert. Cultura e Sociedade vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1997, p. 90.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
A Felicidade está além das coisas, em Marcuse
Marcadores:
Contracultura,
Crítica,
Cultura,
Escola de Frankfurt,
Filosofia,
Frankfurtianos,
Herbert Marcuse
Historiador e educador brasileiro. Nascido em São Paulo (12/08/1978), radicado em Belo Horizonte (onde viveu por 26 anos) e atualmente vivendo na cidade paulista de Atibaia (60km da capital São Paulo). Graduou-se (como bacharel e licenciado) como Historiador no ano de 2006 no UNIBH/ou FAFI-BH (recebendo prêmio em março de 2007 como destaque acadêmico do curso de História de sua universidade).
Atuou em projetos de pesquisa, na prefeitura (Centro de Referência Áudio-Visual)de Belo Horizonte sob coordenação da historiadora dra. Heloisa Greco/UFMG; além disso é um dos organizadores do acervo Carmela Pezzuti.
Como educador atuou na rede pública de ensino mineira desde 2004, quando ainda era universitário. Tivera experiências na escola da comunidade judaica de BH, e por mais de um ano fora professor-monitor do curso de História do UNIBH nas disciplinas História Medieval e Brasil República I. Desde 2014 é professor efetivo do Estado de São Paulo, e desde janeiro de 2015 tornou-se professor da educação básica do Colégio Atibaia, parceiro do Sistema Etapa de Ensino.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário