segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Construindo um Mundo sem Governos - Texto 1

Construindo um Mundo sem Governos
por Prof. Tiago Menta
historiador e filósofo


Texto 1
Muitos são aqueles que me questionam: como será possível uma sociedade anarquista, sem governos? Como esta nova sociedade irá se organizar? Como que esta não cairá no caos, visto que não haverá mais governos, com aparelhos repressivos (polícia, exército)?


A princípio devemos recorrer a metodologia revolucionária: como transformar a sociedade atual em uma sociedade alternativa, anárquica. Isso é fundamental para fazermos um esboço inicial do porvir.


A sociedade atual está angariada nos seguintes fundamentos: ideologia burguesa (Capitalista) e ideologia Teísta - aqui inclusos alguns estados teocráticos, de caráter islâmico; mas no âmbito geral este aspecto se relaciona ao fenômeno ideológico da concepção de uma divindade existente e atuante, que não só delimita a nossa vida em termos éticos como também "age" sobre a vida dos seres humanos, tornados ovelhas diante do Ser-Todo-Poderoso. Não é preciso ser óbvio e dizer que é necessário, em termos revolucionários, destruir estes dois elementos que compõem a base da pirâmide social atual (ou suas estruturas mais elementares).


Em suma, a sociedade atual é aquela que apresenta os seres humanos como escravos de dois senhores, tiranos: Deus e o Dinheiro (Capital). E assim definimos o inimigo do homem como um duplo "d" - 2d!


Pode parecer difícil vencer estes dois gigantes, mas uma coisa quero deixar claro: a chave de nossa real libertação está dentro de cada um de nós, pois somos nós, humanos, os responsáveis por este verdadeiro "Frankenstein" que nos atormenta à séculos. Criamos o "2d", sim, nós mesmos, em ato primitivo e covarde, dando forças a entidades puramente metafísicas, que de referencial comum das relações humanas (uma divindade, uma moeda) passaram a ganhar vida própria (se reificaram, no sentido marxiano do termo) e logo tornaram-se nossos senhores, nossos deuses.


Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, apresentara bem esta lógica em torno do "2d" em sua clássica obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" (1904-1905), especialmente no trato do Puritanismo e de seus ideários em torno da economia pessoal, do trabalho árduo, e das riquezas consequentes como manifestação de iluminação divina (bases do Calvinismo e do seu conceito de predestinação); e para ficar ainda mais evidente, quero fazer uso de uma expressão popular brasileira "Deus ajuda, quem cedo madruga!".


"Madrugar" para quê? Para o trabalho mecânico, para a venda diária de si mesmo, em troca de nossa parte mensal do sal maldito (ou salário). Então, Deus ajuda àquele que se propõe continuar a vender a si mesmo. Deus ajuda àquele que se prostra, se ajoelha e se faz escravo. Bom, caro Deus, recuso-me ajoelhar, recuso-me trabalhar mecanicamente, afinal, sou um homem, de carne e ossos, e não uma ovelha resignada e alienada.


CONTINUA...








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