quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Porque eu agora voto em Dilma

Esta campanha política, que já era marcada pelo  marasmo de sempre, discutindo sempre o velho feijão com arroz economicista (quem investiu onde e como, quem gerenciou melhor, quem fez mais pelo social, os juros e as dívidas, o Pré-Sal, as bolsas assistencialistas) agora, com a chegada deste segundo turno começa a afunilar em momento decisivo, e pior, onde os candidatos que representam as mesmas forças, passam a "jogar no ventilador" um  do outro - espécie de vale tudo político, na luta pela conquista do seu e do meu votos.

Dai a convocação de ambas as partes, de verdadeiros detetives políticos e ideológicos, no sentido de mostrar-se como o  partido do "bem" a partir da demonização infantil do outro. Por isso a questão do aborto está sendo a bola da vez, encontrada pelo tucanato para jogar contra a parede a candidata da situação (filiada a um partido que historicamente defende os direitos da mulher e isso se relaciona sim ao direito de fazer o aborto, que não é, definitivamente, uma forma de assassinato - a célula que depois poderá, digo, poderá, se tornar um novo ser, não é muito diferente de uma unha, que quando cresce demais você decide cortar).

Ao mesmo tempo o tucanato procurou reunir em torno de si, em especial dentro de uma semana de feriado religioso (mais um, jogando  por terra a ideia de que vivenciamos um estado brasileiro laico, pois ele não é), uma horda canalha e conservadora da pior espécie: CNBB + Renovação Carismática + Comunidades Evangélicas (em especial do Rio de Janeiro, redutos do pastor Silas Malafaia e do agora deputado, não menos infame, Anthony Garotinho).

Como todos sabem, sou anarquista por posição política,  não creio no estado como promotor de bem-estar social, e luto, diariamente e muitas vezes solitariamente, para plantar em cada jovem uma sementinha revolucionária, inerente a minha tarefa de educador, de alguém que está ao lado da juventude para junto dela conscientizar, transformar, um mundo que historicamente se mostra como um local de conflito, mas essencialmente de exploração e desigualdades gritantes.

O Comunismo não difere muito, como proposta, da Autogestão Anarquista, e são situações e formas de organização social que o nosso mundinho, pequeno, ainda não ousou experimentar; para isso é necessário, antes de tudo, repensar o papel do homem  no Universo - sem construções apoteóticas e metafísicas, sem confortos inúteis, sem autoritarismo, sem hierarquias, sem céus ou infernos.

O Socialismo dito "real" falhou, como já preconizava Bakunin durante a 1º Internacional, pois cairá nas tentações do poder, do Estado autoritário, que de Ditadura do Proletariado passou a ser uma Ditadura de esquerda e nada mais,  em  nome de algo que no dia-dia do poder, do  politburo, não era exercido e muito  menos posto em prática.

Muitos se esquecem que o Socialismo é um meio e não um fim; meio para a futura organização da sociedade mundial em escalas políticas menores, autosuficientes, sem classes, sem Estado, sem polícia, visto que não haverá mais propriedade a ser defendida, a ser subtraída, visto que tudo será de todos, e que sem o mercado não haverão razões para uma vida miserável de assalariamento, de escravidão sutil manchada numa carteira de trabalho que não liberta, nunca.

A ciência será compartilhada como conhecimento para a promoção do bem-comum, e sem o mercado, a mesma não será mecanismo de entidades de pesquisa, para fins lucrativos, como por exemplo a nojenta indústria farmacêutica. O homem irá desenvolver a técnica não para transformá-la em propriedade, mas para melhorar a qualidade de vida sua e dos demais, onde todos sairão ganhando.

Não haverão deuses, nem fé cega, e o homem caminhará solitariamente nestas terras, certo de que durante esta única oportunidade cósmica daquilo que chamamos "vida" ele terá as melhores condições de desenvolver-se a partir do desenvolvimento de todos, sendo a sua existência solitária um mecanismo de suporte para a existência em coletividade.  Que não precisamos de livros, profetas, milagres, metafísicas infantis criadas num momento infantil em termos históricos da humanidade (durante a antiguidade, no Oriente Médio). Ser bom, ser ético, é  condição sine qua non para a vida coletiva, e para a própria, valendo a lógica kantiana: fazer ao outro, a  mim  mesmo, algo que pode ser entendido como válido, enquanto ação, para todos (imperativo categórico ou ética do dever).

Eu não preciso de Jesus morto na cruz, eu não preciso de livros apocalípticos, eu não preciso orar resignadamente cinco vezes ao dia, eu não preciso querer uma vida que não esta aqui, latente e pulsante, no hoje-agora. Eu não preciso encarar a morte com medo, ela é eficaz, e torna a vida  no planeta algo sustentável (é preciso morrer).

Claro que depois de toda esta argumentação, beirando a devaneios político-filosóficos, eu tenho que reafirmar, a cada momento: o Brasil não será melhor, ou pior, com Dilma Roussef ou José Serra no comando da República (visto que os outros dois poderes estão com a bundinha empinada para o executivo); eles não mudarão os rumos deste país, muito menos da humanidade, serão mais um entre tantos "gerentes" do grande Capital que a tudo quer e a tudo ousa engolir.

Mas a união, medieval e conservadora a beira  do fascismo, entre Demo-Tucanos+CNBB+Renovação Carismática+Comunidades Evangélicas do Rio de Janeiro, supera e muito todo o projeto lacerdista (nos melhores dias da velha UDN dos anos 50), e assim só me resta dar o meu voto a candidata do PT, para dar um tapa na cara dessa burguesia aristocrática e hipócrita, presente em massa no Santuário de nossa (aliás suas) senhora aparecida.

Dia 31 de outubro eu voto 13, Dilma Presidenta.

3 comentários:

  1. PROF. TIAGO MENTA SUA SEMENTINHA REVOLUCIONÁRIA ESTÁ CRESCENDO DENTRO DE MIM. ESTAMOS NA LUTA COMPANHEIRO... rs rs rs rs . [ em off: nos dois sentidos. deu para captar? ]
    PROFESSORA LÚCIA DE FÁTIMA FORTALEZA - CEARÁ .

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  2. bom dia, fiz esta opção também...após mais de 20 anos anulando o meu voto.
    Penso que o retrocesso será muito maior, se o outro candidato for eleito. O maior problema a meu ver é que teremos de cuidar da saúde da "Presidenta", pois caso algo aconteça, seu vice é muito pior que o candidato "relevo"...
    muito obrigado,
    abraços...

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  3. Obrigado aos leitores pelos comentários, é isso ai mesmo: dia 31 não tem outro jeito, sejamos pragmáticos e votemos em Dilma Roussef número 13.

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