quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quem são os conservadores?

Desde os eventos extraordinários da Revolução Francesa passamos a conviver com a ideia de uma separação clara entre dois componentes político-sociais: a esquerda revolucionária e a direita conservadora.
Nos últimos anos da vida brasileira temos nos habituado, cada dia mais, com algumas noções do que é a esquerda política, em suas diversas nuances, umas mais e outras menos revolucionárias que as outras. É fato que temos sido governados por um partido, no caso o PT, de claras raízes de esquerda e com bandeiras clássicas da esquerda (a própria simbologia partidária com a estrela vermelha, alusão fácil de identificar com o stalinismo soviético ou mesmo o maoísmo chinês).
Contudo quero aqui identificar ao leitor as forças contrárias a esta lógica, os conservadores, a direita, quem são, o que pensam e o que querem?
O  conservador é aquele que quer, por essência, a manutenção de uma ordem social na qual ele nem ao menos visa discutir ou compreender, porque para ele a realidade está dada, com todas as suas imperfeições e injustiças tratadas de maneira naturalista. Ele não só não quer nada mudar como também não poderia, visto não querer compreender os fatos sociais em questão, já que o mundo social para ele é um fenômeno dado e pronto.
Dai a sua aproximação com a religiosidade, pois esta será a válvula de escape do conservador, a necessidade de transcendência, para fora do mundo real, que ele não compreende e não tenciona mudar. Ele tem uma fé, fervorosa, de que somente na perfeição platônica do além-mundo ele encontrará um ambiente justo, igualitário, junto a um Criador que em tese representaria o sumo-Bem.
Como afirmara em outro texto, será na ética do conformismo cristão que o conservador depositará todas as suas fichas sociais e existenciais, nada além disso.
Desta relação intrínseca com a religião o conservador tenderá a absorver o único e típico argumento religioso: a moral. Por isso o moralismo pedante e a intolerância contra tudo aquilo que lhe é diferente: e dá-lhe violência contra negros, homossexuais, pobres, mulheres, estrangeiros, etc.
E disso tudo postulamos uma simples equação de equilíbrio: conservadorismo/direita = naturalização do fato social + ética do conformismo + moral + intolerância. Percebemos então quanto é limitada a visão de mundo do conservador, um ser destinado a obedecer, a ajoelhar-se, e a reprimir com força o outro, a assenhoriar-se diante do outro que lhe é estranho e diferenciado. E pior, contra ele não adianta usar argumentação alguma, pois o conformismo e a naturalização se entranharam tanto dentro dele que ele não raciocina, ele apenas obedece, vocifera a ordem que vem de cima, de sua vida estruturalizada numa hierarquia sem  fim. 
Logo o conservadorismo também terá lugar nos  órgãos militares, marcado pela disciplina da vida humana ao ponto da completa robotização do homem - que cometerá crimes contra a humanidade, visto o nazi-fascismo, sob a "justificativa" de se estar seguindo ordens, sem questionamento algum, sem pensar, sem contra-argumentar.
Por fim o elitista, o burguês, o médio-classista, que acredita e deposita suas fichas em uma sociedade de robôs dentro de uma rígida hierarquia social. Onde uns mandam, outros tantos obedecem. Lembrando que o médio-classista  nada mais é que um pré-burguês, um projeto de burguês, que reforça e fortalece a burguesia como um todo (mais e mais pessoas obstinadas a um dia, como possibilidade mesmo, tornarem-se burgueses, com as benesses da diferenciação social e com a benção da ética conformista).
E assim, quando observamos o  espectro social as luzes conservadoras se concentram com maior facilidade entre os religiosos, os burgueses, os militares e a classe média.

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