sábado, 30 de abril de 2011

Sexo e Revolução

Um dos erros mais grotescos cometidos pelas religiões monoteístas dominantes é a demonização do ato sexual. O sexo é tratado como tabu, e virtualiza-se a "pureza" presente na abstinência, na negação dos impulsos sexuais, gerando uma ética que sacraliza o corpo ao ponto de planejar-se uma política da virgindade.

Isso é tão marcante que muitas agremiações religiosas defendem uma espécie de abstinência a dois, entre o casal (devidamente casados, claro). O casal que se "preserva", juntos iluminados sob a luz da negação da carne, dos impulsos do sexo. O que chamam de uma necessária abstinência no casamento, um absurdo ainda maior obviamente.

A sexualidade é desdenhada em escrituras sagradas, com Adão e Eva envergonhados de sua sexualidade após cometerem o pecado original de comer da árvore do conhecimento (a eterna glorificação da ignorância, em favor do mistério, do incompreensível, da fé cega e reprodutiva).

Mas, esqueçamo-nos da caretice religiosa predominante. Falemos de sexo entre os antigos e modernos, entre cerimoniais, culturas, que mantém o caráter religioso/ritualístico do sexo, mas ao contrário do que se vivencia hoje, lidam com o mesmo da forma mais natural possível - potencializando-o como ação humana, como mecanismo de prazer, e de transcendência pelas vias do orgasmo.

Entre os gregos antigos havia a festa conhecida como "bacantes", que depois dá origem ao termo, hoje pejorativo "bacanal" - que em homenagem e culto ao deus Baco (ligado ao vinho, à produção do vinho) realizavam-se orgias descomunais como cerimonial religioso.

Entre os praticantes de magia, seja negra (bruxos/caminho da mão esquerda) ou branca (magos/caminho da mão direita), são comuns os rituais que envolvem atos sexuais, e um dos gurus da magia moderna, Aleister Crowley (dizia-se ser o homem mais pervertido de seu tempo), aponta em seus livros uma série de procedimentos aonde o orgasmo humano é compreendido como uma força cósmica à parte, capaz de transcender o ser humano de sua materialidade em direção aos mistérios do Universo.

Se você que me lê já fez sexo, eu espero que já tenha feito (porque é uma das melhores coisas da vida, não sendo sem razão que a própria vida se inicia a partir do ato sexual) fica fácil identificar como o ato sexual, o gozo, o orgasmo, é um turbilhão psíquico-físico, como se explodíssemos internamente a partir do contato com o outro.

Nos anos 60 do século passado, uma das bandeiras revolucionárias bradadas pela juventude consciente foi à luta por uma nova postura ética frente à sexualidade humana: dai o feminismo, o movimento gay, a pílula anticoncepcional, a liberdade do ser humano de dispor de seu corpo como satisfação pessoal, o amor-livre, e slogans que diziam "faça amor, não faça guerra!". Claro que estes movimentos sociais tiveram uma importante fundamentação teórica, que já quebrava paradigmas dentro do pensamento ocidental - Marcuse com "Eros e a Civilização", Foucault e os volumes de "História da Sexualidade", isso sem falar na verdadeira guinada apontada pelos trabalhos psicanalíticos (que coloca o sexo e a sexualidade no cerne da formação do ser humano, da sua psique, da sua individualidade mais íntima e inconsciente) de Freud no início do século.

E assim, um dos mecanismos mais revolucionários que o ser humano dispõe é exatamente a sua sexualidade, porque esta quando é tratada com naturalidade e como potencialidade humana, potencialidade de liberdade humana e de vida, estaremos na contracorrente de ideologias, muitas delas de caráter religioso e extremamente conservadoras que ainda apregoam uma lógica platonista de existência, conservando-se um pseudo-espírito em detrimento do corpo, tido como foco de imperfeições e de todas as paixões humanas.

Dai o horror dos conservadores ao sexo, tido até como sujo. Como algo a ser feito, limitadamente, para fins de reprodução entre um casal matrimonialmente re-unido. E o sexo é tudo, menos uma limitação biólogo-teleológica. O sexo é ato de liberdade, é ato de afirmação de si, e hoje pode ser encarado até como ato político, revolucionário.

Nada mais distúrbico, anêmico, vazio, que uma pessoa que não se realiza sexualmente. A vida torna-se um tormento, marcada pela ode ao espírito distante, quase um autoflagelo. E é isso o que os senhores da religião querem! Quando dois jovens transam na traseira de um carro, no quarto as escondidas dos pais, no motel de centro da cidade, o argumento do padre, do pastor, da autoridade que reprime, perde força, afrouxa, perante a vida e a liberdade que demarcam aquela relação entre dois corpos.

O gemer de uma menina a liberta, a masturbação do rapaz debaixo do chuveiro o liberta, tudo isso é o desejo/vontade, força que move o Universo (como sempre afirmava Schopenhauer), que agindo liberta o ser humano e o faz transcender e revolucionar-se! Qualquer projeto ideológico que contradiz a isto procura reproduzir a ideia de resignação, de obediência, de ajoelhar-se, de exclusão e intolerância. Esta é a ética que impera, em especial atenção, a base judaico-cristã (decadente e contrária à vida, segundo conceito nietzschiano).

Portanto, abaixemos cuecas e calcinhas, e façamos amor/sexo, hoje e sempre!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E que a sociedade que se lasque a cada dia. Por causa de pessoas como você é que o mundo vai de mau a pior. Acredite.

    Coloque sua mãe no lugar das jovens de hoje. Coloque sua filha no lugar das moças "modernas" de hoje.

    Lhe garanto que os antigos tinham mais moral para educar do que nós com nossos doutorados.

    E que aumenta a prostituição através do seu post. Parabéns.

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