terça-feira, 28 de junho de 2011

A Ilusão Democrática e a Construção de um Novo Amanhã

Nestes últimos dias tenho acompanhado os impropérios e absurdos vindos do Planalto, do Congresso, como por exemplo a insistente presença de deputados difundindo o ódio e a intolerância contra movimentos GLBT e por fim a ação covarde do Estado brasileiro se negando a abrir documentos "secretos" - sob a égide de uma lei que décadas após décadas impede a publicação de documentos históricos de nosso país (em especial os referentes aos anos de chumbo 1964-1985, e mesmo nos governos Sarney 1985-1990 e Fernando Collor 1990-1992), promovendo um crime hediondo contra a sociedade brasileira "resguardando interesses de segurança nacional" (parece até papo de milico dos anos 60).
 
Isso tudo só fortalece as minhas convicções desfavoráveis ao chamado "modelo democrático" ou "Estado democrático de direito", uma falácia histórica, de fundamentação liberal, e que é vendida ai a tempos como exemplo de organização social e política de qualquer sociedade. É senso comum, dentro desta lógica, a crítica sobre regimes de diferente estruturação ou mesmo cultura política como na Venezuela bolivariana, no castrismo cubano, nas teocracias do Oriente Médio e de parte da África muçulmana, no hibridismo chinês que reúne economia de mercado e politburo político aos moldes soviéticos, tudo sobre o "argumento": não são democracias! Lá não existe democracia, não existe liberdade! Repito e insisto: balela ideológica.
Democracia não é sinônimo de liberdade plena, pelo contrário. Qual a liberdade de um cidadão desprovido de qualquer tipo de perspectiva de melhoria de vida? No Brasil é assim - se você tem hoje o direito de votar, "conquistado" após décadas de lutas contra o regime de exceção, isso já seria sinal de que somos livres, de que vivemos a plenitude e as beneces de um Estado democrático de direito. Bom, basta andar nas periferias de nossos grandes centros urbanos, na violência do nosso dia-dia, na corrupção desenfreada de nosso Estado que nasceu para usurpar, na intolerância de grupos conservadores e que se tornam vozes repressivas quando se aproximam do centro de poder, na inexistência de reforma agrária, na subserviência diante do Império do norte, na falta de infraestrutura e no abandono de serviços sociais de caráter básico como saúde e educação, tudo isso, e ai eu pergunto: de que vale votar? De que vale esta democracia? Para a cada quatro anos você, eu, trocarmos os gerentes de uma sociedade desigual e desumana.

Claro que regimes autoritários, nos moldes do regime soviético, maoísta, nos fascismo dos anos 20-30, não são exemplos dignos de ser rememorados como proposições reais a ilusão democrática. Temos que partir para algo novo, radical e amparado na construção de uma nova consciência humana. Sem mudanças na "cabeça das pessoas" não sairemos disso e continuaremos sendo robotizados por um sistema que oprime no seu subtexto e que nos vende ilusões a cada dia (dai o consumismo, e mesmo a democracia política).

Hoje a ecologia é uma ciência que se apresenta como opção de radicalização no sentido de propor uma nova formatação da produção humana e de nossa organização social - porque os pouco mais de 300 anos de Capitalismo Industrial (hoje mais Financeiro e Especulativo) está conseguindo destruir o planeta de maneira contínua e em breve sofreremos graves consequências como a falta de água potável, a inconstância climática e o aumento de tragédias naturais, a má qualidade do ar que se respira, isso sem falar nas doenças que agora matam silenciosamente: AVCs, entupimento de artérias coronárias, diabetes, tumores - tudo provocado pelo estilo de vida construído nos últimos séculos (do homem engravatado, animalizado com sua coleira no pescoço a que chamam gravata, parado no trânsito, negligente com sua família, stressado e apressado na ilusão de poder galgar a posições de destaque social e que lhe permitam usufruir dos falsos comodismos que o mundo do Capital pode oferecer).
Assim, a Ecologia já nos diz: desacelera! Reorganize! Reconscientize! Porque de nada vale a sobrevida do sistema Capitalista, retroalimentado por uma sequência de crises, se isso nos levar ao fim como raça dominante do planeta Terra. Dai a necessidade de construção de uma nova sociedade, auto sustentável, autogestionária, menor, mais humana. Sem governos, autoridade, e dai sem falsas ilusões. Caminhemos sob a bandeira preta e vermelha em defesa de um novo amanhã!

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