segunda-feira, 25 de julho de 2011

"A Greve" de Einsenstein e o Leninismo

Filmado e lançado no ano de 1925 o filme "A Greve" (Statchta) do genial cineasta russo Sergei Mikhailovitch Eisenstein (1898-1948) é uma das grandes obras soviéticas por excelência, e não é sem razão que o que primeiro se lê e vê no filme seja uma citação de Lenin tratando da importância da luta das massas, da união e organização das massas contra a opressão (entenda-se mundo burguês, mundo do Capital).
 
O filme é dividido em etapas, sendo: os momentos que antecedem a greve, com uma clara apresentação da vida operária dentro da fábrica; a causa da greve (o seu estopim); os momentos pós-greve, com os trabalhadores parados, fazendo exigências, e uma apresentação da vida dos trabalhadores numa espécie de vila ou bairro operário (nos arredores da grande indústria); e por fim a repressão sobre os trabalhadores, forçados a voltar ao trabalho.
Surpreende no filme, do distante 1925, a brutalidade das personagens e das situações apresentadas. Algumas cenas são marcantes pela violência como na incrível crueldade com que um soldado czarista joga uma criança (trabalhadora como outras tantas, ficando evidente o trabalho infantil, superexplorado - sendo uma das exigências dos grevistas a limitação de jornada para seis horas/diárias para crianças e mulheres) do alto da fábrica, e como Einsenstein depois focaliza a pequena criatura inerte e morta.

As causas da greve podem ser apreendidas como tradicionais: os maus-tratos sofridos pelos trabalhadores dentro do ambiente fabril (sob vigilância de uma série de capatazes e gerentes), uma longa e brutal jornada de trabalho, salários baixos e consequente degradação da vida dos trabalhadores (vivendo na miséria, em contraposição a opulência apresentada quando retrata-se o mundo burguês, dos barões da indústria). O fato que desencadeia a grande greve é a acusação de roubo (e a imposição do pagamento de 25 rublos - o que corresponde a três semanas de trabalho) que gerentes da fábrica impõem a um operário que tivera seu micrômetro roubado (uma peça industrial), deprimido e humilhado com a situação o mesmo acaba por se suicidar dentro da fábrica, gerando revolta e agitação entre os seus camaradas - fazendo eclodir a grande greve!
O filme de Einsenstein é genial e aponta como poucos o que vem a ser, verdadeiramente, a luta de classes. Apresentando ainda um bom panorama da Rússia Imperial, pré-revolucionária, com sua truculência militar, aristocrática, e de como as forças militares se alinhavam com os interesses burgueses e aristocráticos. Oposição que, em tese, seria solucionada com o movimentos revolucionários, pela via operária (a partir da organização da massa trabalhadora urbana, como mandava a boa cartilha leninista). Assim, de certa forma "A Greve" é uma produção leninista por excelência, até pela comoção russa com a perda do grande líder revolucionário um ano antes da produção do filme (não é sem razão que o corpo de Lenin permanece preservado, como se fosse um faraó vivo, até os dias de hoje).
 
 

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