segunda-feira, 15 de agosto de 2011

No dia dos solteiros falando em casamentos!

Nem sabia ao certo que a data de hoje seria o tal "dia dos solteiros", mas as mensagens foram tantas sobre o tema, no facebook, no twitter, etc, que não dá para ficar alheio ao assunto; contudo, faço o contrário, no dito dia dos solteiros venho aqui falar sobre o casamento.
 
O casamento é um fenômeno social, que de certa maneira legitima a união entre dois seres (na Pré-História legitimava a união inclusive de grupos, em casamentos tribais e coletivos - como aponta Engels no clássico A Origem da Família, do Estado e da Propriedade) humanos diante do tecido social, do Estado. E este, tornado instituição, acaba por apresentar ritual próprio, regras, etc...
 
Até décadas atrás casamento, aqui no Brasil, era o tradicional véu de noiva, festa, igreja (grande parte em cerimonial católico), dentro de um planejamento que beirava as vezes anos e dispendia centenas e centenas de recursos do casal e dos familiares destes. Isso mudou, nos tempos da contemporaneidade, hoje estamos mais pragmáticos ao casar e menos suntuosos. 
 
Muitos dizem que o casamento está em crise, isso é uma meio-verdade ou mesmo um dado incompleto: ele não está em crise, ele mudou. O casamento tradicional, de vinte ou trinta anos atrás sim, está condenado a ser raridade, mas as pessoas continuam se casando, porém de maneira diferenciada e como disse antes, pragmática.
 
Raro alguém se casar tendo em vida um único relacionamento amoroso; raro alguém se casar sem nunca ter tido relações e experiências sexuais; já não é incomum casais que se casam diante do Estado, em união civil (criado por Napoleão Bonaparte quando tornou-se cônsul do Império Francês no início do século XIX), encarando o casamento como fenômeno social/humano (portanto aberto a erros, a falhas, a possibilidade de desunião futura-divórcio) e portanto distante de religiões e divindades; hoje as pessoas casam-se cada vez mais tardiamente, isso quando se casam (já que não são poucos os que se mantém solteiros, por opção, em toda vida); e nem sempre todo casamento produz filhos (muitos são os casais que optam por não ter crianças, ou mesmo quando o casamento é de caráter homoafetivo). Perceberam como o casamento mudou? Eu disse, ele não está em crise, ele mudou, o que entrou em decadência é o casamento fechado como modelo único, pronto, tradicionalista e conservador. Mas, por que o casamento mudou?

Primeiramente as sociedade mudaram, a cultura mudou, os tempos são outros. Tivemos nos anos 60 do século passado intensas lutas pelo direito das mulheres/feminismo, debates mais abertos quanto a sexualidade, a aceitação do divórcio, o uso de pílulas anticoncepcionais, o amor-livre, e a inserção definitiva da mulher no mercado de trabalho - exercendo cada vez mais preponderância nas organizações e até chefiando governos (o Brasil hoje é exemplo com a Presidente Dilma). Outros fatores são de ordem econômica: a vida está mais dispendiosa, cara. O desemprego é muitas vezes estrutural, havendo deficit habitacional especialmente nos países hoje em desenvolvimento. A taxa de natalidade é cada dia menor, especialmente nos países europeus, hoje já envelhecidos e que terão como desafio rombos previdenciários monstruosos; a expectativa de vida do homem pós-modernos alcança em muitos países os quase 80 anos de idade; tudo isso são fenômenos que desestimulam casamentos tradicionalistas - com casais jovens e com muitos filhos.
Peguemos exemplos de minha família. 
Mário Arthur e Glória (casados aos 16 anos de idade) - tiveram três filhos: Mário, Mauro (meu pai) e Mara.
Elizabeth e Vander (casados aos 16 anos de idade) - tiveram uma única filha: Elaine.
Mauro e Elaine (meus pais, casados aos 21 anos de idade) - tiveram dois filhos: Tiago e Tarcila.
Tiago, eu; e minha irmã Tarcila, eu com 33 anos e ela com 28, estamos ainda solteiros e sem filhos. 
O exemplo acima mostra que meus avós, casados em meados dos anos 50, casaram no civil e religioso ainda adolescentes; meus pais casaram no final dos anos 70 (no início da vida adulta) ainda no religioso e no civil e tiveram menos filhos e ainda por cima se separaram depois de oito anos de casamento; nos dias atuais eu e minha irmã já estamos no ápice da vida adulta e nos mantemos solteiros e sem filhos, e eu, ateu convicto, quando casar será apenas uma união civil. Mudanças estas num período de 3 gerações de uma mesma família, mostrando que as pessoas ainda se casam e até valorizam o casamento, contudo ele hoje é um fenômeno marcado por transformações e diferenciações.

Isso é bom? Evidente, porque mostra que a liberdade humana acaba por prevalecer diante de todas as tradições, transformando-as!

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