segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sou Eu?

A pouco mais de 30 anos
na cinzenta e esfumaçada terra da garoa
nascia este que vos fala

Por força do destino
10 anos se passaram e me via sob as montanhas de Drummond
sai o terno e gravata
entra o desarranjo, livros debaixo dos braços e ideias

Vivo cercado de garrafas,
páginas em branco,
memórias,
cabelos longos, batom, curvas

Por opção adentrei aos mistérios dos homens
aceitando os desafios
do bolso eternamente vazando,
das costas dadas a Jesus e demais amigos imaginários
Os amigos de ontem,
os críticos de hoje,
os inimigos de sempre

Tenho vários nomes
várias caras
várias ideias, 
imensuráveis desejos e anseios

Meu mundo, este mundo grande e pequeno
que habita o meu ser
não existe na práxis, não está na esquina
ele mora aqui, em silêncio

Silêncio, silêncio...
jamais irei me calar, nem usarei qualquer forma de coleira
pois em mim pulsa a veia que salta e grita

Rebelde, insubordinado,
anarquista, bagunceiro, vagabundo,
mal-educado, sem-vergonha,
safado, mentiroso, subversivo

Sou a mosca que pousou em sua sopa,
sou o anjo do inferno que assobia aos seus ouvidos,
sou os olhos que brilham, os dentes que rangem,
sou homem, sou educador, 
sou historiador, sou filósofo,
sou..sou..
eu..?
Tiago Menta
Abril de 2010

Um comentário:

  1. Nada mais belo que um autorretrato em forma de poesia. Em suas palavras, uma afirmação constante dos seus ideais, das suas falhas (humanas), das suas subjetividades. Um olhar sincero para dentro de si mesmo, um mergulho numa direção profunda do seu interior na busca de sentimentos a serem partilhados com todos nós. Beijos, poeta Tiago!

    ResponderExcluir