quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Chega desta falsa estabilidade!

Nós brasileiros, comprometidos com uma educação de qualidade, devemos ser corajosos e enfrentar os problemas de nossa má qualidade educacional em suas raízes mais profundas, e isto, sei que desagrada uma parcela grande de companheiros tocar no assunto, quase tabu: o fim da estabilidade de emprego para todo o servidor público, incluso o professor.

Estabilidade no emprego deve ser uma conquista diária, com competência em sala de aula, e não por condição de aprovação em uma prova no mínimo questionável, que avalia muito mal o ingressante ao posto de educador. Os concursos públicos no Brasil se transformaram a bom tempo numa dualidade perversa: negócio lucrativo e politicagem.

E qual a razão de ser da chamada indústria do concurso público: a maldita estabilidade, que condena o empregado/servidor público a condição de acomodação, de imobilismo, anacrônico se pensarmos na realidade atual do mundo pós-moderno, fluido, líquido, dinâmico, veloz, integrado. Dai a permanência, em muitas de nossas escolas, de "profissionais" que permaneceram no período Cenozóico, Jurássico, em todos os sentidos - transformados numa massa de educadores incompetentes, velhos, cansados em profundidade e desinteressados com tudo aquilo que cerceia a educação.

Obviamente  não serei leviano, deve-se tirar a estabilidade do educador e de todo servidor público, mas deve-se em contrapartida dar a todos condições de excelência no trabalho, como acesso a tecnologias, a informação, a formação continuada e evidentemente a salários competitivos, dignos de um profissional com curso superior (hoje não menos que R$ 2500,00 com o professor trabalhando integralmente, 8 horas diárias- sendo 4 em sala e 4 fora mas dentro do ambiente escolar, em uma única escola).

Isto sim é meritocracia verdadeira, que vai trazer as melhores cabeças de volta as salas de aulas, tornando as licenciaturas profissões novamente atrativas. Quem é bom, gosta do que faz, se dedica ao ensino e ao seu conteúdo, não deverá temer o fim da estabilidade, pelo contrário, ele será recompensado pelo seu trabalho e competências, sabedor de que para se manter no mercado deverá fazer jus a condição de profissional da educação.

Contudo, isso não será feito pelas vias sindicais, que defendem o professorado a tal ponto que se esquecem da educação como valor maior, como razão de ser de todos os profissionais. Preocupa-se com a classe, mesmo que esta seja recheada de incompetentes, e liga-se um "foda-se" para a qualidade da educação brasileira. Isso se evidencia nas discussões em torno de concursos, de promoções, de critérios esdrúxulos para formação de quadro de pessoal nas escolas, em "direitos adquiridos" carcomidos como quinquênios, biênios, como se tempo de serviço fosse indicativo de qualidade, e não o é.

É preciso que a sociedade abrace esta ideia, lute pela educação de seus filhos e das gerações posteriores, pressionando os governos, escolas e profissionais da educação. Falo isso com naturalidade, pois é triste a gente ver, ano após ano, um bando de incompetentes travestidos de educadores, o que arrebenta com o sistema educacional como um todo, e pior, inviabiliza uma valorização real do nosso magistério.

2 comentários:

  1. Muito bem amigo Tiago. Sinceramente apoio todas suas palavras ditas acima, visto que também me utilizo dos mesmos questionamentos e apontamentos para uma melhor qualidade do sistema educacional brasileiro.

    Gostaria também de completar parte do raciocino, lembrando seus leitores – e também os meus em meu blog, como sempre faço –, que existem as ditatoriais e hipócritas “POLÍTICAS INTERNAS” de cada escola, com sua direção ainda mais ultrapassada mental e qualitativamente falando. Este tipo de problema nos impede (aos professores não adaptados a esse sistema sujo) de progredirmos com toda nossa capacidade profissional, levando em conta que por muitas vezes os (novos) professores são barrados pelas direções das escolas públicas, sendo obrigados a visar BÔNUS, FLUXOS, RETENÇÕES, MÉDIAS FINAIS MENTIROSAS, tudo para que as escolas aumentem seu “potencial” final que influenciará diretamente na verba do próximo ano, e na bonificação, naturalmente maior para a direção.

    Quero comentar também o que você chamou de profissionais ultrapassados, jurássicos. Eu os chamo de “professor dinossauro”; sendo que os momentos que mais gosto de levantar discussões deste tipo, com melhor capacitação e atualização destes profissionais, são nas nossas queridas OTs (Orientação Técnica), para o qual os professores se dirigem para tomar café, comer bolachinha Maria, bolo de coco, e reclamar de aluno... Nestes momentos sou chamado de Che Guevara, Revolucionário, entre outras coisas, por querer MUDAR as coisas. Porém, infelizmente estes “dinossauros” não entendem que não estamos querendo MUDAR AS COISAS, e sim FAZER AS COISAS DE MODO CORRETO, visando qualidade, e não bonificação.

    Mas também Prof. Tiago... Quem somos nós neste país?, não é verdade?

    Esporo podermos debater ainda mais tais assuntos.

    Grande abraço.

    Prof. Marco Aurélio Buzetto.

    http://marcoaureliobuzetto.blogspot.com/
    http://sejaoleitor.blogspot.com/
    marcobuzetto@hotmail.com

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