domingo, 6 de março de 2011

Bruna Surfistinha

Noite de sábado de Carnaval, chuva em BH, nada mais fugidio e agradável do que ir ao cinema. Quero distância dos blocos caricatos, das escolas de samba, dos trios elétricos, das músicas sem forma ou conteúdo do período e suas perolas da mediocridade, em suma, sai de casa e fui ao cinema para definitivamente ligar o "foda-se" ao Carnaval.

A escolha foi obvia, dentro do leque oferecido pelo cinema do centro da cidade: fui assistir a "Bruna Surfistinha", estrelada por Deborah Secco, ela mesma, bela atriz global.

Não sou ingênuo a ponto de querer encontrar neste filme uma análise sociológica, psicológica, da condição do "Ser prostituta", longe disso  - como o interesse era desligar do real e cair na farra dos apelos áudio-visuais, o filme acabou sendo uma experiência bacana.

O filme foi produzido a partir do livro escrito pela protagonista  (a Bruna real, cujo nome é Raquel) "O Doce Veneno do Escorpião" que aqui chegou a vender mais de 200 mil cópias, um milagre editorial se pensarmos no mercado nacional. E como sempre, não confundamos o livro com o filme, visto o último ter se permitido certas particularidades que fogem ou mesmo escapam do que é encontrado no livro (talvez melhor que o filme, como sempre).
A história é curiosa: como uma adolescente de classe média, adotada por pais típicos "media-class", em ato de rebeldia abandona o "lar" e cai no mundo da prostituição (sem nenhum glamour, como a realidade sempre nos mostrou). Primeiro trabalhando em um puteiro do centro da cidade, dividindo o lugar com outras meninas e explorada por uma cafetina (cobrando R$ 100,00 por programa, sendo 60% da casa, mais a limpeza dos lençóis); em seguida, acaba descoberta pela alta sociedade, que a torna uma garota de luxo, (o programa já está nos seus R$ 300,00, e ela usa uma antiga colega como secretária) onde ela passara a atender seus clientes em apartamento próprio, fisgando programas e clientes através de um blog pessoal; por fim os dramas de quem entra de cabeça num mundo totalmente hardcore, marcado por excessos e excentricidades, como o vício em  cocaína e a sua derrocada como garota de programa no meio de um pardieiro qualquer (como muitos aqui da rua Guaycurus, em BH) fazendo programas com todo tipo de homem ao preço de R$ 20,00.

O destaque fica por conta de Deborah, que se agigantou como atriz, e mostra que não é só um rostinho bonito global. Poderia aqui enumerar uma série de cenas emblemáticas, que exigiram dela um despudor total (próprio de um personagem como a Surfistinha) - dai cenas de sexo das mais variadas formas e com os mais variados parceiros: blowjob com PM para não apreender carro de amigas, enfileirando trabalhadores num quarto escroto e sujo, urinando no rosto de um cliente que gemia e dizia "dá cházinho...dá cházinho", ménage com casal onde a mulher dava ela como presente ao marido, atendendo clientes que muitas vezes nem transavam mas queriam uma companhia, um papo, um ouvido atento e uma boca fechada, sem julgamentos.

Fica aqui o convite, vá hoje ao cinema, esqueça o Carnaval e suas infantilidades, e veja "Bruna Surfistinha".


 

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