quarta-feira, 18 de maio de 2011

Adeus tio Mário Menta (1955-2011)

Hoje a minha vida se tornou um pouco mais triste pela perda de um grande amigo, o meu bom tio, irmão mais velho de meu pai, falecido aos 56 anos de idade vitimado por um fulminante derrame cerebral na manhã desta quarta-feira.
Nestas horas, de sofrimento para toda família, é que se torna ainda mais difícil posicionar-se como ateu que sou diante dos que me cercam, já que é habitual que grande parte de familiares procurarão consolo num pretenso mundo espiritual, numa bondade divina, etc.
Meses atrás um amigo virtual que sempre acompanha as minhas ideias e aulas tivera uma perda terrível: o filho de três anos vitimado por afogamento acidental. A dor, incalculável, irreparável, é mais uma amostra de como viver não é algo digno de sentido, e que a divindade é uma construção psicológica, um ponto de apoio quando nos deparamos com a nossa debilidade maior - a consciência de que somos finitos e não eternos.
Hoje a tarde uma aluna minha, estudante de 15 anos do primeiro ano do ensino médio, também perdeu a vida após uma gravidez complicadíssima, e lá está a criança em completo desamparo materno logo no início de sua vida. Isso é justiça? Isso é digno de justificativas? Isso tem algum propósito? Não, meus caros, como digo sempre em momentos assim, para morrer basta estar vivo, nada mais.
A morte é fenômeno cósmico, natural, que mantém o equilíbrio de todo bioma; é preciso que alguém morra para balancear com aquele que agora nasce - ou seja, é uma equação de preservação da própria vida, da natureza que são a maneira simplificada de identificar um sem fim caótico de forças que independem e são insensíveis a nossa reles vidinha humana (como formigas a andar aqui e ali, sempre correndo).
Lamento demais a perda do tio, um cara alegre, bonachão, bom papo, boas piadas, que amava a minha tia e com ela foi construir uma vida no sul de Minas, que amava as cores verdes do seu Palmeiras, e que se não tiveram filhos, não seja por isso, estamos hoje todos órfãos de você, principalmente eu, seu sobrinho mais velho e que muito te amou.
Ele não vive no Paraíso, não está perto de Deus, que são criações de nossos medos, mas ele viverá, eternamente, na minha memória...

5 comentários:

  1. Que lindo e triste isso que você escreveu para o seu tio, sei bem de perto como é. Ainda choro muito a perda da minha mãe,na verdade, como assisti a morte dela, eu procuro não esquecer de nada que vivemos juntas durante os meus 51 anos. É triste, a saudade nunca passará enquanto existirmos. Só eu sei a força que estou tentando ter para conseguir superar essa e outras adversidades da vida que estão acontecendo paralelamente, hoje mesmo, preciso muito de um colo, de um afago, estou me sentindo muito sozinha. Sinta-se abraçado por mim. Beijos

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  2. Grande prof. Tiago
    Sinto muito por sua perda meu amigo. Realmente, por mais que saibamos que um dia há de acontecer, isso ainda nos é lamentável.

    Mantenha a memória viva. Pois algo só deixa de existir quando nos esquecemos.

    Força irmão.

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  3. Obrigado Tânia e Marco, como é hábito nos momentos difíceis são os amigos e familiares mais próximos o ponto de equilíbrio, a liga psicológica que não nos deixa levar pela tristeza. Grande abraço!

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  4. Thiago!
    Sabias palavras. Brilhante..
    Por a caso esse seu tio falecido trabalhou na CAC - COOP. AGRICOLA DE COTIA, nas décadas dos anos 80/90??

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    1. Desculpe demorar a responder João Leite, é sim, o meu querido tio Mário Menta trabalhou na CAC nos anos 80/90, até se mudar para Alfenas-MG com minha tia Marta, que se não me falhe a memória ele a conheceu no ambiente de trabalho na própria CAC. Quando criança a CAC lançara batatinhas congeladas para fritar e o velho tio fornecia aos montes para o sobrinho aqui. O amigo trabalhou com ele? Agradecido pelo interesse.

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