terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre a Greve Estadual Mineira



Desde o último dia 08/04/2010 os educadores da rede estadual mineira se encontram em greve por tempo indeterminado, tendo como exigência essencial a aplicação do dito Piso Salarial Nacional aos vencimentos de todos os educadores.
O governo mineiro, usando de mágicas e poderes extraterrestres, anuncia a todo momento que já paga o dito piso (que por sinal é um lixo e não atende a um projeto sério de educação nacional) - mas qualquer pessoa sensata sabe o que significa a palavra "piso": o mínimo, o básico, o inicial, que qualquer educador deveria receber como provento. Pegue o contracheque dos educadores brasileiros e vejam que o dito piso simplesmente inexiste. É comum professor trabalhar, neste país, recebendo menos que o salário mínimo (hoje fixado em R$ 530,00).
Não importa, por moralidade até, se o educador dá uma aula, dez, vinte, se possui um cargo ou dois ou até mais, o educador deve ter um vencimento básico digno! 
Pergunto a vocês como é possível um sargento do corpo de bombeiros, também um funcionário público (e de grande valia), ganha tão mais que um educador (que possui formação superior); além, como é possível categorias profissionais onde não se exige formação superior pagar mais e melhor se comparado ao que ganham os professores (ficando evidente a triste situação de que as licenciaturas são as profissões de nível superior com os piores salários do país).
Que me perdoem pais, alunos, na realidade as maiores vítimas da perversa política educacional que se pratica neste país injusto e infame (porque reproduz a lógica da exclusão, e além, a perpetua). Aderi a esta greve, como irei aderir a qualquer outro movimento que lute a favor de uma educação de qualidade, e isso perpassa pagar mais e melhor os educadores (ao contrário do que pensa a tecnocracia aeciana, tucana, serrista, propagada em publicações da editora Abril - em especial Não-Veja).
Faço aqui apelo aos alunos, jovens, cheios de energia, com a mente "fresca e aberta" e reflitam, criticamente, o que a escola pública lhes oferece, e pensem - vale a pena ser assistido por um profissional pessimamente pago, insatisfeito com a vida e com a profissão (e esta é a pura realidade)? Imagine-se ser uma pessoa que como eu passou 4 anos em uma universidade, estudou muito, se sacrificou e sacrificou a própria família (em investimentos), foi premiado na universidade, tivera reconhecimento de professores e colegas, e que ao sair para o mercado de trabalho não chega a ganhar dois salários mínimos, pegando aqui e ali contratos temporários de trabalho (visto que o Estado tem má vontade, não cumpre a lei, e não realiza concursos públicos periódicos), condenado a usar transporte coletivo (ineficiente), incapacitado de assumir compromissos de longo prazo (como casar, sim, casar requer dinheiro meus amigos). Estão vendo, e olhe, eu ainda curto muito ser educador, é uma profissão pela qual eu não entrei de gaiato não, eu a escolhi, e exerço com todo o prazer (quem já foi ou é aluno meu sabe o quanto me dedico e o compromisso com a escola e com o conhecimento).
Sobre os rumos da greve não possuo informações detalhadas quanto ao direcionamento do movimento, contudo aqui em Minas Gerais, como ocorrera em São Paulo, a grande mídia (em especial o jornal Estado de Minas, portal Uai, a rede Globo, tv Band Minas) permanece alinhada, com unhas e dentes, ao servilismo estadual - hoje propagado pelo governador Anastasia, uma espécie de avatar do ex-governador Aécio Neves (e que irá concorrer ao governo do Estado).
De qualquer maneira é nítido que esta greve é justificada, é legítima. O jeito é sair as ruas, erguer bandeiras, enfiar a boca nos megafones, e esperar que o Estado de Minas Gerais não se feche, não haja como o covarde e maléfico governo paulista (que manda espancar professores, não negocia, intimida e divide a classe com falsas promessas). Espero bom senso do governador Anastasia (porque da secretária de educação mineira, Vanessa Guimarães, não espero nada além de grunhidos) e que caminhemos, juntos, para uma solução digna e pacífica de tantas divergências e diferenças.

2 comentários:

  1. Dou força para o movimento grevista! Chega mesmo de sermos vítimas dessa política educacional perversa!

    ResponderExcluir
  2. Olá!

    Amigo blogueiro, veja matéria e fotos sobre a manifestação dos professores de todos os municípios do Ceará, nas ruas de Fortaleza, pelo piso e por um plano de carreira decente, ////acessar em: www.valdecyalves.blogspot.com

    ResponderExcluir