quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vida Careta - parte 1

Domingo, 11 da manhã, dezenas de fieis saem da missa realizada na conhecida Igreja Nossa Senhora das Ovelhas Obedientes e Submissas, quando flagramos um belo casal, Júlia e João, ambos devotos e praticantes caminhando em direção ao apartamento da família da garota,  aonde comeriam o tradicional macarrão com frango.

Antes do almoço, a mãe de Júlia se levanta e faz as orações do dia, agradecendo  ao misericordioso por naquele lar todos terem a dádiva de comer macarrão com frango, regada a coca-cola 2 litros, e com um delicioso pudim de sobremesa. 

Pratos lavados, todos vão para a sala, para o tradicional papo em família. João, enrubecido, levanta-se e diz querer informar a todos a novidade: "Dona Fulana, Seu Siclano, minha querida Júlia, é com alegria que quero informar o noivado entre eu e Júlia, e está aqui o nosso anel de noivado" (entregando a noiva, que derrama lágrimas de alegria, e os pais, irmãos, todos aplaudem o casal).

Meses se passam, as famílias se reúnem para discutir detalhes do casamento que se aproxima: qual igreja, qual padre, quem convidariam, quem não convidariam, quem seriam os padrinhos e madrinhas, o que comeriam e beberiam na festa, aonde passariam a lua de mel, como  começariam a pagar as prestações do apartamento financiado pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

João e Júlia namoraram quase 8 anos, se conheceram em uma reunião de jovens da Igreja, ambos tocados pelo poder da Virgem Maria, na qual tinham tudo: imagens, camisetas, livros, broches, vídeos de palestras. Suas carícias, como casal cristão, se resumiam a respeitosos beijos, mãos dadas, cafunés, nada além disso, afinal antecipar as coisas com o sexo seria abrir portas para que Satanás entrasse na vida deles, e claro, Satanás não  era bem vindo.

Na noite de núpcias, em hotel numa praia nordestina, ambos poderiam, pela primeira vez, fazer sexo. Já não era mais pecado,  apesar que o padre sempre dizia que nem tudo era permitido, mesmo após o matrimônio: coisas como boquetinho, sexo anal, coito de quatro, 69, ejacular nos peitos, nada disso era permitido, pois eram coisas de Satanás. Para ambos era claro: ele se deitaria sobre ela, a penetraria, sob luzes apagadas, e pronto. Para dali a noves meses serem gratificados por aquele ato santo: uma criança.

Antes do sexo, nus, ajoelhados na cama king-size, rezaram uma ave-maria e um padre-nosso, apagaram a luz, e começaram a fazer sexo.

CONTINUA...

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