sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A necessária Revolução Burguesa Brasileira

Pode parecer etapismo, característico de um marxismo vulgar, mas o Brasil até hoje não tivera a sua Revolução Burguesa de fato, rompendo com os velhos laços de um arcaísmo que beira o vulgar por ainda ser vivente  (em nosso país) em plena segunda década do século XXI.

Mas, afinal, o que caracteriza uma Revolução Burguesa? Não é tão somente a ascensão das camadas burguesas da sociedade ao comando político (pois comando econômico é óbvio demais), mas além denota mudanças infra-estruturais e super-estruturais de uma sociedade (ou seja, a base econômica e a base cultural ou ideológica).

Hoje a burguesia no Brasil está no poder, no comando do país, sim, mas não sozinha. Ao seu lado persiste os velhos coroneis políticos de nossos rincões (surgidos durante o governo Imperial de D. Pedro II e sua Guarda Nacional), as famílias, as oligarquias, que se atrelam ao latifúndio (a grande propriedade agrária, concentrando terras, e logo, riquezas).

Oras, essa politicalha, de fundo latifundiário, são reminiscências de uma sociedade pré-moderna, quase colonial. Em suma, são anacronismos presentes em nossa República de mentiras.

Por muitos momentos históricos poderíamos ter efetivamente realizado a nossa revolução burguesa, talvez o primeiro passo rumo a uma posterior revolução, certamente mais profunda (comunista, visto que não há uma tradição forte anarquista em nosso país). Tivemos o fim da República Velha e a ascensão do getulismo nos anos 30, e por mais que o país por exemplo começasse a abraçar uma pré-industrialização e urbanização (vide CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, baseada na carta del laboro de Mussolini) não avançamos no sentido de revolucionar, burguesadamente, o país; vieram os governos de JK, dos 50 anos em 5, criando a indústria nacional, e mesmo assim nada, depois João Goulart (pois Jânio Quadros é praticamente um vácuo nacional) atentou com isso (especialmente no seu projeto de Reformas de Base) mas como  vivíamos sob a tutela norte-americana em plena Guerra Fria suas atitudes foram encaradas como um avanço soviético ou cubano em nosso país, resultado: 21 anos de governos militares, uma ditadura que esboçou por curto período um certo fôlego econômico (governo Médici e seu Milagre Econômico) mas que acabara por jogar o país em um Estado policial sem sentido, agressivo e pior, endividando o país a tal ponto que os anos 80 depois foram considerados a década perdida!

E assim, em pleno ano de 2010, vivemos em uma dita "potência econômica" que ainda não solucionou a sua questão agrária, a Reforma Agrária, devido a presença, inclusive política, desta classe latifundiária, usurpadora e anacrônica. O México, por exemplo um vizinho latino-americano, já fizera este processo nas primeiras décadas do século passado, sob liderança de homens como Emiliano Zapata. Não dá para pensar em um Brasil progressista enquanto convivermos com a concentração fundiária, com a presença de oligarcas em nossa democracia representativa, e ai sim, estirpando estes dois tumores nacionais estaríamos, em pleno século XXI (antes tarde do que nunca) promovendo a nossa Revolução Burguesa.

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