sábado, 4 de julho de 2015

O Catolicismo Medieval tem, hoje, outras "caras"

Finalmente merecidas férias! Depois de um semestre repleto de trabalho (com aulas na rede pública e privada aqui em Atibaia, e em três disciplinas: História, Geografia e Sociologia) é momento de dar aquele "stop", curtir a família, ler, escrever, assistir, aquilo que as tarefas semanais impediram.

O Catolicismo Medieval tem, hoje, outras "caras"

Nas aulas de História Medieval os meus alunos do 7º ano - Fund. II, no Colégio Atibaia, tem sido despertados a desenvolver um olhar crítico sobre os muitos crimes cometidos pelo catolicismo naqueles tempos de Cruzadas, combate às heresias (vide extermínio de albigenses e valdenses), tribunais inquisitórios, torturas, e as relações políticas que Roma mantinha com várias das monarquias europeias medievais, em especial os francos (desde merovíngios, carolíngios e capetíngios).

O mais interessante nisso tudo é observar as reações dos educandos, muitas vezes exaltados diante da violência e da busca pelas coisas materiais empreendidas pela instituição cristã, nitidamente contraditórias ao "espírito do cristianismo", que é a manutenção da paz, a concórdia, a bondade, o sumo bem/o amor. Como, vislumbram os educandos, poderíamos conceber, no mesmo "balaio", Cristo e os papas medievais?

Interessante é trazer para os alunos o debate em torno da intolerância religiosa, dos conflitos levantados em "nome de Deus", e isso não é, definitivamente, exclusivismo do período medieval, infelizmente. Hoje ainda se morre por ser da religião dissonante do meio social a que se está inserido, ou da religião que difere do grupo que comanda a nação (dentro de uma ordem teocrática) - afora os atos preconceituosos, como da menina apedrejada no Rio por se vestir com um traje típico do candomblé, etc. Apesar de estarmos inseridos na ordem global, século XXI, bla-bla-bla...ainda convivemos, cotidianamente, com casos de violência religiosa.

Acredito que o Catolicismo aprendeu com estas e outras experiências, afinal estamos falando de uma instituição milenar, criada e levada adiante por uma série de homens, nas mais diversas circunstâncias. Posso estar enganado, mas hoje senta-se no trono de São Pedro um franciscano que já faz por merecer todo o meu respeito, mais pelas atitudes do que pela posição em si. O Papa Francisco é, no meu entender, o líder religioso a ser ouvido, e ponto. Os demais, e existem muitos dispostos a ser ouvidos/seguidos, não apresentam a dignidade, a simplicidade, a razoabilidade já evidentes no argentino Jorge Bergoglio. 

Francisco é a contraposição necessária num país de lideranças religiosas de caráter duvidoso, e com contradições similares àquelas levantadas na história medieval do Catolicismo. Macedo, Malafaia, Soares, e os demais pentecostais parecem acender uma vela para Deus e outra para o diabo: curas, milagres, aconselhamento e apoio espiritual, ao mesmo passo de enriquecimento, poder midiático, proselitismo, intolerância, "bancada evangélica" (buscando aproximação com o poder). 

Assim, nos dias vividos, as entidades neopentecostais brasileiras estão mais próximas do Catolicismo medieval do que o próprio Catolicismo, que sob a égide/exemplos de Francisco demonstra distanciar-se de suas históricas contradições.    

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Como trabalhar o conceito de "Fundamentalismo"?

Nas minhas aulas de História com os alunos do 7º ano estamos estudando o antigo Império Bizantino, que por séculos (em especial sob governo de Justiniano I) permaneceu como herdeiro direto do que um dia foi o poderoso Império Romano, e que por fim caiu em 1453 nas mãos do sultão turco-otomano Maomé II. O interessante de aulas como esta é que obrigam o professor a vasculhar textos e informações sobre o Oriente, e claro, as relações entre Ocidente e Oriente. Deparei-me então com uma obra que considero didática e fundamental de nossa historiografia, do gaúcho Voltaire Schilling "Ocidente x Islã: uma história do conflito milenar entre dois mundos" (editora L&PM), que traz no capítulo 35 "A política do fundamentalismo".

Segundo Schilling, e compartilho seu pensamento, o conceito de fundamentalismo é "todo e qualquer movimento religioso que tende a interpretar a realidade de hoje através dos olhos de antigos preceitos religiosos e que renega os valores da modernidade".

E aqui a razão do texto - quando falamos em fundamentalismo numa sala de aula logo vem a mente a lembrança, terrível, dos "shahids" (mártires) que tiram a vida em nome do Islã, por exemplo em inúmeros atentados realizados por homens e até crianças (como faz o Boko Haram na Nigéria com meninas bem jovens) tornadas bombas-humanas! O que pouco se dialoga é que o fundamentalismo possui raízes, históricas, com o Cristianismo também e em especial o cristianismo protestante norte-americano.

Os Estados Unidos das primeiras décadas do século passado viu ruir uma "velha e tradicionalista América" e ascender uma América nova, jovem, liberal e consumista. Evidenciada, como exemplos na "American way of life", na indústria automobilística, no rock'roll, na televisão. A consequência disto, diz Voltaire Schilling foi que:
"Os pastores das igrejas batistas, presbiterianas, episcopais e adventistas apontaram seu dedo acusador para o pecado da modernidade. Defendiam, em substituição ao milenarismo (que, apocalíptico, predizia o fim do mundo para breve), o chamado Segundo Advento de Cristo. Cristo estaria em breve entre nós (...) Era preciso retornar aos antigos costumes, aos antigos ensinamentos, apegar-se à Bíblia como a única salvação em um mundo dominado pelo materialismo, pelo ateísmo e pelo descaso com as coisas da fé. Desta forma, Cristo ao retornar, reconheceria a sua obra".
Em 1920, um ano depois da criação da WCFA (Associação Mundial dos Cristãos Fundamentalistas), os Estados Unidos aprovaram a conhecida Lei Seca que entendia como crime a venda e consumo de bebidas alcoólicas - mostrando que o tradicionalismo cristão tinha ainda força e apelo em parte da sociedade. Contudo, hoje sabemos o resultado desta política conservadora: alimentou, com dinheiro e violência, o crime organizado (vide a história, muito explorada, de Al Capone e como ele comandava o crime nas ruas de Chicago).

Assim, devemos trabalhar com nossos alunos a noção correta e multifacetada do que é, verdadeiramente, o "fundamentalismo". Ser fundamentalista não é exclusividade de um grupo, de uma religião, nada disso. Ser fundamentalista é muito mais uma atitude, geralmente anacrônica e intolerante, que pode ser encontrada não somente em grupos religiosos mas em ideologias políticas, questões raciais e de gênero, etc.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

IMPÉRIO BIZANTINO PARTE 2 - JUSTINIANO I

Aos meus alunos do Colégio Atibaia-SP, turma 7º A, este vídeo foi elaborado por mim há alguns anos atrás e será de grande valia para as nossas presentes aulas a respeito do Império Bizantino (330-1453). Bons estudos!