quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Aécio Neves é o mal necessário

É conhecida a frase de Lênin na defesa da NEP "é preciso dar um passo atrás, para em seguida dar dois passos adiante", no contexto em que propunha desenvolver o Capitalismo soviético para assim atingir o sonhado Comunismo (aqui presente um certo etapismo, marca do caráter profético presente no marxismo). Mas a conversa aqui é o nosso país, os rumos que poderemos tomar no 2º turno a ser disputado no próximo dia 26 de outubro. E aqui, pasmem, encaixo a frase e a lógica leninistas.

Aécio Neves Presidente é o nosso "passo atrás". Não que isso signifique, como vociferam os lulopetistas, um fracasso ao país, um retorno a tempos de crise, etc. Aécio é a quebra necessária ao regime lulopetista que domina o Estado brasileiro a 12 anos! Não há democracia que resista a um partido governando a tanto tempo assim, e assim a única opção viável a manutenção da democracia acaba sendo apertar 45 na urna eletrônica.

Muitos questionam, como pode um cara como eu, professor no estado de Minas Gerais por 7 anos, que realmente sentiu na pele a tecnocracia dos governos Aécio-Anastasia, agora declarar voto ao candidato tucano? Seria uma espécie de síndrome de Estocolmo? Não, não. Já disse via facebook, e agora reitero, o voto em Aécio é um voto pragmático, desapaixonado, pensando no que seria o menos ruim para o Brasil: aceitar a continuidade do regime lulopetista por mais 4 anos e dar crédito ao péssimo governo Dilma, ou aceitar o "passo atrás" tucano e provocar a necessária enxugada do Estado brasileiro, que sofre de obesidade mórbida, engordurado pela sujeira da corrupção e do toma-lá-dá-cá promíscuo com sua base "aliada" (espero que Aécio, como Presidente, me surpreenda e jogue o PMDB na oposição).

Se o mineiro, nos 4 anos que tiver, mostrar ineficiência, aprofundar o caos econômico que vivemos, ou cometer erros que foram cometidos não só pelo regime lulopetista mas pelos anos FHC, em 2018 lhe responderemos com um basta nas urnas, e em meio a este processo passaria o PT por uma necessária refundação, reestruturação, e autocrítica, fazendo bem ao país e a própria esquerda nacional. O PT necessitar distanciar-se do lulismo, radicalizar e junto ao povo promover a verdadeira governabilidade (e não promovendo conchavos com Collor, Sarney, Maluf, etc), o que, apesar da tão defendida opção pelos pobres em 12 anos fizeram muito pouco comparado ao que prometiam quando chegaram pela primeira vez ao poder com Lula nos idos de 2002.

Vale aqui também relembrar alguns colegas educadores, em especial os mineiros:
- os problemas da educação mineira não são um fenômeno partidário, nem regional.
- governos como o do falecido Presidente Itamar Franco (PMDB, aliado maior da candidatura Dilma) chegaram a atrasar meses de pagamento dos servidores públicos, inclusive da educação. Outros governos, como do ex-governador Newton Cardoso, também do PMDB, lidavam com as greves dos educadores de forma debochada e violenta.
- a educação brasileira, pela LDB 9394/1996, no seu ensino básico, estrutura-se nas esferas municipal (ed. infantil e fundamental) e estadual (médio e profissionalizante), cabendo ao governo federal uma atuação muito tímida (mais vinculada ao ensino superior, em especial). Assim, seja Dilma ou Aécio, falar em revolucionar a educação sem tocar na LDB é pura demagogia eleitoral. Nós professores não podemos cair nesse papo dos candidatos.
- o culpado pela situação de penúria da educação brasileira não é o governo, mas você ai. É a sociedade brasileira que não entende a educação como valor, é o aluno que aceita numa boa a progressão continuada, são os pais que transformaram a educação básica em creche porque são incapazes de educar os filhos. Quem corrói a escola pública, joga no lixo a educação nacional, dá carta branca para que os políticos tratem a educação da maneira que temos visto - como algo menor. É, por exemplo, acreditar que o ensino médio brasileiro será solucionado através de reformas curriculares! Que piada.

Na minha visão os brasileiros deveriam ter amadurecido e optado por outras candidaturas, rompendo com esta polarização besta entre tucanos e petistas (que na essência são filhotinhos mau-amados da Ditadura Militar e da Social-Democracia à europeia, que afundou a Europa como potência global via Welfare State/uma palavra mais chique e elaborada para o bolsismo que o PT pratica a mais de uma década). Luciana Genro, Marina Silva, Eduardo Jorge, teriam sido caminhos mais dignos e melhores para o país. Agora, resta votar em Aécio "na moral" (como diz o professor de Ética da USP Clóvis de Barros Filho) e pelo bem do Brasil assistir ao desmonte das raízes nefastas que o PT plantou no Estado brasileiro. Caso contrário, nos preparemos para assistir a "venezuelização brasileira".
Quem leva a melhor?



terça-feira, 14 de outubro de 2014

O que estamos fazendo de nós mesmos? Uma perspectiva sobre ética e nossa...