segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Bolsa Grávida

Há em curso na educação pública brasileira uma nova política de "inclusão": a que, em minhas palavras, chamo de "Bolsa Grávida". Eis o que tenho vivenciado como educador:

Nas últimas semanas, que encerram o presente ano letivo de 2012 (e vou preservar nomes da escola, colegas professores e alunos), é prática comum a realização dos conhecidos conselhos de classe, onde se debate entre o grupo de educadores as condições acadêmicas ou mesmo o aproveitamento anual de cada estudante - confirmando ou não a sua aprovação escolar.

Entre a nossa juventude ainda é real a situação de gravidez na adolescência, e isso se reflete, com força, no ambiente escolar quando até mesmo do abandono dos estudos da mãe-aluna (devido a difícil compatibilidade entre a disciplina escolar e suas atividades, como o simples ir à aula, com a nova vida de gestante e depois como parturiente, mãe). 

É sabido, entre nós educadores especialmente, que é direito da aluna gestante o fornecimento de materiais de ensino-aprendizagem, avaliações e atividades, para que esta não perca o ano letivo em curso, e tente, dentro de suas possibilidades, desenvolver habilidades e conhecimentos enquanto se prepara para a maternidade. Não tem sido bem assim o que ocorre nas escolas.

Você é informado da situação da aluna, e como profissional prepara uma série de atividades ou mesmo planeja algo para que a mesma consiga manter-se estudando em casa. E quando chega o prazo dado, de entrega das atividades, para que você reúna material e suporte que deem ao educando condições de aprovação, o que acontece: no conselho de classe é sabido que a aluna gestante não buscou sequer o material (muitas vezes bastando aos responsáveis irem a escola pegar o material) e, mesmo que esteja com o material, ela simplesmente nada apresentou, nada fez, e você é impulsionado por maus profissionais a aprovar, simplesmente aprovar a aluna irresponsável, ou seja, valorizando a incompetência - aprovando por desmérito e reduzindo o ambiente escolar a mero reprodutor de diplomas, em especial do ensino médio (que está carcomido em nosso país).

Eis então a bolsa grávida: faça sexo de maneira insegura, torne-se gestante, e ganhe um diploma de conclusão do ensino médio. Isso é Brasil! Nestas horas dá nojo "ser educador" num país como este....