sábado, 24 de abril de 2010

Vídeo dos Educadores Mineiros em Greve

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jô Soares "História Hilária"

Durante entrevista o Jô conta a inusitada história de uma velhinha que fazia um programa de tv ao vivo.

Greve dos Professores Mineiros

terça-feira, 20 de abril de 2010

Luiz Carlos Azenha liga o Ventilador Global!


A REPRISE DE 2006. AGORA, COMO FARSA


Em 2005 e 2006 eu era repórter especial da TV Globo. Tinha salário de executivo de multinacional. Trabalhei na cobertura da crise política envolvendo o governo Lula.
Fui a Goiânia, onde investiguei com uma equipe da emissora o caixa dois do PT no pleito local. Obtivemos as provas necessárias e as reportagens foram ao ar no Jornal Nacional. O assunto morreu mais tarde, quando atingiu o Congresso e descobriu-se que as mesmas fontes financiadoras do PT goiano também tinham irrigado os cofres de outros partidos. Ou seja, a “crise” tornou-se inconveniente.
Mais tarde, já em 2006, houve um pequena revolta de profissionais da Globo paulista contra a cobertura política que atacava o PT mas poupava o PSDB. Mais tarde, alguns dos colegas sairam da emissora, outros ficaram. Na época, como resultado de um encontro interno ficou decidido que deixaríamos de fazer uma cobertura seletiva das capas das revistas semanais.
Funciona assim: a Globo escolhe algumas capas para repercutir, mas esconde outras. Curiosamente e coincidentemente, as capas repercutidas trazem ataques ao governo e ao PT. As capas “esquecidas” podem causar embaraço ao PSDB ou ao DEM. Aquela capa da Caros Amigos sobre o filho que Fernando Henrique Cardoso exilou na Europa, por exemplo, jamais atenderia aos critérios de Ali Kamel, que exerce sobre os profissionais da emissora a mesma vigilância que o cardeal Ratzinger dedicava aos “insubordinados”.
Aquela capa da Caros Amigos, como vimos estava factualmente correta. O filho de FHC só foi “assumido” quando ele estava longe do poder.  Já a capa da Veja sobre os dólares de Fidel Castro para a campanha de Lula mereceu cobertura no Jornal Nacional de sábado, ainda que a denúncia nunca tenha sido comprovada.
Como eu dizia, aos sábados, o Jornal Nacional repercute acriticamente as capas da Veja que trazem denúncias contra o governo Lula e aliados. É o que se chama no meio de “dar pernas” a um assunto, garantir que ele continue repercutindo nos dias seguintes.
Pois bem, no episódio que já narrei aqui no blog, eu fui encarregado de fazer uma reportagem sobre as ambulâncias superfaturadas compradas pelo governo quando José Serra era ministro da Saúde no governo FHC. Havia, em todo o texto, um número embaraçoso para Serra, que concorria ao governo paulista: a maioria das ambulâncias superfaturadas foi comprada quando ele era ministro.
Ainda assim, os chefes da Globo paulista garantiram que a reportagem iria ao ar. Sábado, nada. Segunda, nada. Aparentemente, alguém no Rio decidiu engavetar o assunto. E é essa a base do que tenho denunciado continuamente neste blog: alguns escândalos valem mais que outros, algumas denúncias valem mais que outras, os recursos humanos e técnicos da emissora — vastos, aliás — acabam mobilizados em defesa de certos interesses e para atacar outros.
Nesta campanha eleitoral já tem sido assim: a seletividade nas capas repercutidas foi retomada recentemente, quando a revista Veja fez denúncias contra o tesoureiro do PT. Um colega, ex-Globo, me encontrou e disse: “A fórmula é a mesma. Parece reprise”.
Ou seja, podemos esperar mais do mesmo:
– Sob o argumento de que a emissora está concedendo “tempo igual aos candidatos”, se esconde uma armadilha, no conteúdo do que é dito ou no assunto que é escolhido. Frequentemente, em 2006, era assim: repercutindo um assunto determinado pela chefia, a Globo ouvia três candidatos atacando o governo (Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque) e Lula ou um assessor defendendo. Ou seja, era um minuto e meio de ataques e 50 segundos de contraditório.
– O Bom Dia Brasil é reservado a tentar definir a agenda do dia, com ampla liberdade aos comentaristas para trazer à tona assuntos que em tese favorecem um candidato em detrimento de outro.
– O Jornal da Globo se volta para alimentar a tropa, recorrendo a um grupo de “especialistas” cuja origem torna os comentários previsíveis.
– Mensagens políticas invadem os programas de entretenimento, como quando Alexandre Garcia foi para o sofá de Ana Maria Braga ou convidados aos quais a emissora paga favores acabam “entrevistados” no programa do Jô.
A diferença é que, graças a ex-profissionais da Globo como Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e outros, hoje milhares de telespectadores e internautas se tornaram fiscais dos métodos que Ali Kamel implantou no jornalismo da emissora. Ele acha que consegue enganar alguém ao distorcer, deturpar e omitir.
É mais do mesmo, com um gostinho de repeteco no ar. A história se repete, agora com gostinho de farsa.
Querem tirar a prova? Busquem no site do Jornal Nacional daquele período quantas capas da Veja ou da Época foram repercutidas no sábado. Copiem as capas das revistas que foram repercutidas. Confiram o conteúdo das capas e das denúncias. Depois, me digam o que vocês encontraram.
(*) Texto publicado originalmente em Vi o Mundo.

Movimento "Diga Não a Imprensa que Aliena"

15 de abril de 2010, cerca de 7 mil professores do estado de Minas Gerais se concentram no conhecido "Pirulito da Praça Sete" (coração do centro de Belo Horizonte) exigindo que a lei se cumpra e o estado de Minas Gerais passe e pagar, devidamente, o Piso Salarial Nacional (hoje corrigido em pouco mais de R$ 1300,00).
Eu estive lá! Encontrei camaradas educadores de muitas partes do Estado, recebi elogios pelo meu trabalho como educador virtual e meus vídeos no youtube, estive em contato com universitários, ou seja, naquele momento ocorria um movimento significativo em meio ao dia-dia da cidade, pulsante, e próximo da hora do rush (cerca de 17:30). 
No dia seguinte, compro jornais, acesso internet, ligo a televisão, e nada, simplesmente a manifestação de professores, que movimentara Belo Horizonte no final da tarde do dia anterior, simplesmente parecia "não existir".
Fatos como este me levam a ter a certeza de que nós brasileiros devemos rediscutir o papel da imprensa neste país, e isso não é um grito por censura, pelo contrário, é um grito por uma imprensa que apenas cumpra o seu papel - informar, relatar os eventos, com isenção.
O jornalista pode até opinar, criticar, sugerir, se posicionar, mas estas são atribuições que não podem estar colocadas em detrimento dos eventos, dos fatos, das notícias em si. Primeiro, relata, depois se posicione.
Aqui em Minas Gerais e em muitos estados brasileiros há uma relação de comprometimento, de alinhamento, político e ideológico, entre veículos de imprensa e o Estado, imprensa e partidos políticos, imprensa e grupos econômicos, que sinceramente me produzem um receio quanto ao que vemos por ai travestido de "imprensa nacional".
A lógica atual é divulgar os eventos, os fatos, se estes estão de acordo com a relação prostituída mantida com interesses de terceiros. Por exemplo, se a manifestação de professores não convém aos interesses do estado de Minas Gerais, governado a quase uma década por Aécio Neves e agora assumido pelo demo Anastasia (me recuso chamá-lo de professor Anastasia), o mesmo simplesmente não é divulgado pela imprensa mineira e pronto. Se estabelece a aura de uma "não-existência", logo a imprensa se torna veículo da irrealidade, e assim da alienação.
Faço apelo aos meus alunos(as), leitores(as), de Minas ou fora do estado, e simplesmente não comprem, não leiam, não assistam, não acessem os seguintes veículos da imprensa que aliena e não informa:

- Rede Globo Minas (Programa MGTV e seus apresentadores ventríloquos).
- Rede Band Minas (Jornal Band Minas, comandado pelo reacionário e sórdido Luís Carlos Bernardes).
- Jornal O Estado de Minas.
- Rádio Globo.
- Rádio BandNews.
- Portal Uai (http://www.uai.com.br).

Faça como eu DIGA NÃO A IMPRENSA QUE ALIENA!

Assembléia dos Professores Mineiros

Marcelo Adnet "Top 3 Afeganistão"

A atualidade de "Besouro"

História, ação e muita porrada (ao estilo hollywoodiano mesmo, com coreografias do chinês Huen Chiu Ku que trabalhou em filmes como Kill Bill e Tigre e o Dragão), viés social, cultura africana, tudo isso são elementos presentes no filme de João Daniel Tikhomiroff "Besouro", baseado no livro "Feijoada no Paraíso" de Marco Carvalho.
O longa me surpreendeu, positivamente, não somente pela temática em pauta (a capoeira em meio ao Recôncavo Baiano no início da década de 20, quando a luta, maquiada como dança, ainda era tabu sendo proibida a sua prática por lei - somente alterada e permitida a prática da capoeira em 1953, sendo hoje patrimônio histórico cultural brasileiro) mas pela sua proposta estética, semelhante ao belo filme "Tigre e o Dragão" (as cenas de Besouro saltando pelo sertão, numa espécie de treinamento, de aprimoramento físico, são sensacionais), relacionada dialeticamente a todo o viés social do período em questão.
Socialmente o filme traz a tona questões em torno do latifúndio, em especial ao sistema implementado desde os tempos coloniais: plantation (sistema que reúne dois elementos fundamentais - grande propriedade rural/latifúndio, e a cultura de um único produto agrícola/monocultura, no caso do filme, e da geografia local a produção de cana-de-açúcar). Para apresentar uma plantation tipicamente colonial só faltara o terceiro e derradeiro elemento: o trabalho escravo como força de trabalho. Contudo, apesar do enredo se ambientar já na década de 20 do último século os negros trabalhadores ainda eram tratados como verdadeiros escravos, não só em termos ideológicos (o filme mostra jagunços mestiços fazendo piadas, perseguindo, e até castigando os negros da fazenda com violência) mas até mesmo na condição de trabalhador "livre" - preso a humilhante condição de mão-de-obra expropriada no engenho de açúcar.
E é contra tudo isso, na base da força (dai o uso da capoeira) e da mobilização dos trabalhadores negros (cônscios de sua condição de expropriação, humilhação, indignando-se) que surge a figura do capoeirista Besouro, que a princípio sozinho, luta contra a ordem estabelecida no engenho (comandado por um asqueroso coronel/latifundiário).
Por fim o longa é mais do que indicado, como diversão e entretenimento (boas sequências de lutas), e por retratar, a sua maneira, questões postas ainda no nosso tempo presente: a luta pela valorização do negro no Brasil e da cultura negra (o filme faz referência a muitas das divindades africanas, em destaque a figura de Exú, ou mesmo dos ditos corpos fechados, as oferendas aos deuses ainda tão preconceituadas como artífices demoníacos, magia negra e coisas afins), a questão da posse da terra (o latifúndio, monocultor, ainda é um cancro econômico-social brasileiro, único país do mundo a ainda não realizar reforma agrária).

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Feudalismo - Parte 3

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre a Greve Estadual Mineira



Desde o último dia 08/04/2010 os educadores da rede estadual mineira se encontram em greve por tempo indeterminado, tendo como exigência essencial a aplicação do dito Piso Salarial Nacional aos vencimentos de todos os educadores.
O governo mineiro, usando de mágicas e poderes extraterrestres, anuncia a todo momento que já paga o dito piso (que por sinal é um lixo e não atende a um projeto sério de educação nacional) - mas qualquer pessoa sensata sabe o que significa a palavra "piso": o mínimo, o básico, o inicial, que qualquer educador deveria receber como provento. Pegue o contracheque dos educadores brasileiros e vejam que o dito piso simplesmente inexiste. É comum professor trabalhar, neste país, recebendo menos que o salário mínimo (hoje fixado em R$ 530,00).
Não importa, por moralidade até, se o educador dá uma aula, dez, vinte, se possui um cargo ou dois ou até mais, o educador deve ter um vencimento básico digno! 
Pergunto a vocês como é possível um sargento do corpo de bombeiros, também um funcionário público (e de grande valia), ganha tão mais que um educador (que possui formação superior); além, como é possível categorias profissionais onde não se exige formação superior pagar mais e melhor se comparado ao que ganham os professores (ficando evidente a triste situação de que as licenciaturas são as profissões de nível superior com os piores salários do país).
Que me perdoem pais, alunos, na realidade as maiores vítimas da perversa política educacional que se pratica neste país injusto e infame (porque reproduz a lógica da exclusão, e além, a perpetua). Aderi a esta greve, como irei aderir a qualquer outro movimento que lute a favor de uma educação de qualidade, e isso perpassa pagar mais e melhor os educadores (ao contrário do que pensa a tecnocracia aeciana, tucana, serrista, propagada em publicações da editora Abril - em especial Não-Veja).
Faço aqui apelo aos alunos, jovens, cheios de energia, com a mente "fresca e aberta" e reflitam, criticamente, o que a escola pública lhes oferece, e pensem - vale a pena ser assistido por um profissional pessimamente pago, insatisfeito com a vida e com a profissão (e esta é a pura realidade)? Imagine-se ser uma pessoa que como eu passou 4 anos em uma universidade, estudou muito, se sacrificou e sacrificou a própria família (em investimentos), foi premiado na universidade, tivera reconhecimento de professores e colegas, e que ao sair para o mercado de trabalho não chega a ganhar dois salários mínimos, pegando aqui e ali contratos temporários de trabalho (visto que o Estado tem má vontade, não cumpre a lei, e não realiza concursos públicos periódicos), condenado a usar transporte coletivo (ineficiente), incapacitado de assumir compromissos de longo prazo (como casar, sim, casar requer dinheiro meus amigos). Estão vendo, e olhe, eu ainda curto muito ser educador, é uma profissão pela qual eu não entrei de gaiato não, eu a escolhi, e exerço com todo o prazer (quem já foi ou é aluno meu sabe o quanto me dedico e o compromisso com a escola e com o conhecimento).
Sobre os rumos da greve não possuo informações detalhadas quanto ao direcionamento do movimento, contudo aqui em Minas Gerais, como ocorrera em São Paulo, a grande mídia (em especial o jornal Estado de Minas, portal Uai, a rede Globo, tv Band Minas) permanece alinhada, com unhas e dentes, ao servilismo estadual - hoje propagado pelo governador Anastasia, uma espécie de avatar do ex-governador Aécio Neves (e que irá concorrer ao governo do Estado).
De qualquer maneira é nítido que esta greve é justificada, é legítima. O jeito é sair as ruas, erguer bandeiras, enfiar a boca nos megafones, e esperar que o Estado de Minas Gerais não se feche, não haja como o covarde e maléfico governo paulista (que manda espancar professores, não negocia, intimida e divide a classe com falsas promessas). Espero bom senso do governador Anastasia (porque da secretária de educação mineira, Vanessa Guimarães, não espero nada além de grunhidos) e que caminhemos, juntos, para uma solução digna e pacífica de tantas divergências e diferenças.

sábado, 10 de abril de 2010

Igreja, Pedofilia e Celibato

Antes de apresentar a matéria do portal Uai, relatando a falta de ação e até a conivência de João Paulo II em relação aos casos de padres pedófilos, em especial nos Estados Unidos, quero aproveitar a ocasião e tentar ilustrar um pouco o porquê da pedofilia como fenômeno católico.

Origem de Tudo: o Celibato Clerical.
No século XIII a Igreja romana instituiu o chamado "celibato clerical", proibindo aos homens da Igreja o ato sexual e a constituição de famílias, sob alegação (mantida até hoje) de que tais ações humanas impedem que o sacerdote possa exercer, com afinco, a sua profissão de fé. Em síntese: o padre não daria conta do trabalho de padre, pois estaria dividido entre a sua função de pai de família e de sacerdote.
Nós historiadores sabemos que tudo isso é grande papo furado, e a prova disto é a constatação material da decisão da Sé: a Igreja se tornou proprietária de 1/3 das terras européias, sendo considerada então a principal potência econômica e política da Europa ainda vivente sob tradições medievais.
Impossibilitando o casamento de padres, a procriação (aqui o sexo) dos padres, a Igreja impedia qualquer tipo de problemas em relação a heranças, transmissão de posses entre os padres e seus familiares (esposa, filhos). Muitas foram as mulheres e crianças abandonadas por seus pais, padres, que tiveram forçosamente que optar entre o sacerdócio e a vida familiar. Produto disso: os padres começam a perder a sua essência humana, tornando-os elementos estranhos e distantes da sociedade e da humanidade.

E nas outras religiões?
Não existe nada semelhante, pelo contrário. Pastores protestantes, desde Martinho Lutero (que se casou e tivera filhos com uma antiga freira) continuam sendo homens, até hoje.
Xeiques muçulmanos, mostrando ter posses, podem se casar até com várias esposas, em sociedades onde a poligamia é uma prática social aceita.
Rabinos judaicos, espíritas, e tantas outras manifestações religiosas não desumanizam os seus sacerdotes - retirando-lhes o direito de ser homem, tendo uma vida sexual ativa e mantendo ou constituindo uma família.

De onde vem esta pedofilia?
Para responder esta questão vou assumir um argumento "religioso": Deus nos criou, e além, disse para que nos multipliquemos; e como multiplicar a espécie? Oras, fazendo sexo.
O sexo, não só pela lógica biológica, mas até pela essência religiosa, é visto como algo inerente, natural ao homem, e portanto algo "bom".
Com o desenvolvimento da psicologia, em especial com a psicanálise freudiana, podemos observar que a nossa relação com o sexo não é um fenômeno simples, pelo contrário, em nossa sexualidade podem estar escondidos segredos, desejos, anseios, que habitam a nossa inconsciência. 
Fica evidente que um ser humano, nunca assexuado (anatomica e psicologicamente), precisa do sexo, caso contrário poderão haver desconexões psicológicas profundas, e logo comportamentos nada "cristãos" - o sexo antes natural, bom, agora reprimido, tratado moralmente, transcende em anomia psicológica.
Para amenizar a dor que é a ausência de sexo, a Igreja historicamente tentou difundir entre os seus duas lógicas: uma, que vê o sexo (entre os não-sacerdotes) como algo a ser disciplinado (sob a lógica de sacralização do corpo) e como algo teleológico; e por fim a lógica destinada aos sacerdotes, de que a privação do mesmo é ato de fé, de vitória do espírito sobre a carne, sempre imunda e suja - rota certa ao pecado.
Porém esqueceram que o ser humano é complexo demais, como ser, como ente-psicológico, que tem necessidades, naturais, que transcendem qualquer lógica religiosa ou ideológica. O corpo sofre sem sexo, a mente sofre, a psique sofre, e muitas vezes a consequência é a mais sórdida depravação, a anomia psicológica e comportamental que faz com que o sacerdote, utilizando de  seu poder social e autoridade, acabe por abusar um indivíduo puramente indefeso: a criança e o adolescente.

Por que João Paulo II e Bento XVI negam tudo isso?
O histórico conservador e medroso de ambos já responde a questão. Medo? Sim, pois ambos sabem que estes eventos, deploráveis, acelera o processo em curso de destruição do Catolicismo - que caminha, a velocidade considerável, para se tornar uma religião puramente romana, latina. A Europa já não é católica (exceção aos latinos italianos, espanhóis e portugueses), a América do Norte não é católica, a Ásia não é católica, restando as miseráveis América Latina e África como focos finais do respirar católico.
Como o conservadorismo entra nesta questão: a negação, o colocar "debaixo do tapete", segundo uma ideia, aliás dogmática, de que a Igreja é infalível, de que está acima dos problemas causados pelos homens que a representam.
Isso é comum até entre os leigos, ortodoxos e fervorosos, como o engenheiro Felipe Aquino, liderança "intelectual" entre os carismáticos, que justifica a Inquisição como ação e erros dos homens da Igreja e não da instituição Igreja, essa não, essa nunca erra!
Bento XVI, o outrora João Paulo II, pensam da mesma maneira, e agem escondendo os erros dos ditos homens da Igreja para preservar a instituição - contudo erram, e erram feio, pois agindo assim decepcionam a todos, mostrando que as lideranças católicas são incapazes de exemplo, incapazes de reconhecer erros, incapazes de fazer justiça social. Dai o afastamento acelerado das pessoas diante de "la putana de Roma".

Qual a solução?
Primeiro Bento XVI deveria repensar e acabar de vez com o celibato clerical, portanto agindo revolucionariamente, rompendo com grilhões ideológicos de séculos.
Em seguida deveria reconhecer os erros, da instituição Igreja, pedir perdão, e dar nome aos bois - indicando as autoridades nomes de todos os padres envolvidos em caso de abuso sexual, e além, apoiando integralmente a ação policial e judicial sobre estes criminosos.

João Paulo II era contra expulsão de padres pedófilos
AFP - Agence France-Presse
Publicação: 10/04/2010 17:46

 - (AFP PHOTO/Paolo COCCO)

Um ex-bispo da diocese de Oakland, que na década de 1980 escreveu ao Vaticano para pedir a expulsão de um padre californiano acusado de pedofilia, garantiu que o Papa João Paulo II se opunha nessa época a expulsar sacerdotes, revela neste sábado o jornal New York Times.

O ex-bispo John Cummins explicou que nesse período a Igreja enfrentava a saída de muitos sacerdotes, o que fez com o que o então Papa "retardasse o processo" contra os acusados de pedofilia, segundo o jornal.

Uma série de cartas entre o Vaticano e a diocese californiana de Oakland, das quais a AFP obteve uma cópia na sexta-feira, questionavam o atual papa, Bento XVI, por sua falta de ação na década de 1980 contra o padre californiano denunciado, mas não mencionavam o então Papa, João Paulo II.

Segundo as cartas, o padre Stephen Kiesle pediu para ser expulso após reconhecer seus abusos sexuais de menores, pedido enviado ao Vaticano pelo então bispo Cummins em 1981.

O Vaticano respondeu que desejava ter mais informações sobre o assunto. Cummins assim o fez e as enviou em fevereiro de 1982 ao cardeal Joseph Ratzinger - hoje o papa Bento XVI -, então chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.

Apesar das repetidas solicitações da diocese de Oakland, no dia 6 de novembro de 1985 Joseph Ratzinger respondeu ao bispo John Cummings.

Em sua carta, escrita em latim, o cardeal Ratzinger reconhece a "gravidade" da situação, mas se mostra reticente em tomar uma decisão imediata, preocupado com os efeitos que isso poderia causar na Igreja.

Para o futuro Papa, o assunto deveria ser objeto de "uma atenção particular, que requer muito tempo".

Ao ler a carta, o padre George Mockel, da diocese de Oakland, considerou que o Vaticano "se sentaria sobre o assunto até que Steve (Kiesle) envelhecesse". "Creio que é lamentável", afirmou.

O padre Kiesle foi finalmente expulso em 1987.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Indicativo de Greve!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Feudalismo Parte 2

O Feudalismo

Análise de "Who'll Stop the Rain?" - Creedence Clearwater Revival

 
"Who'll Stop The Rain?" Creedence Clearwater Revival
"Quem vai Parar a Chuva?"

Desde que me lembro,
A chuva vem caindo
Nuvens de mistério vertendo
Confusão sobre a terra.
Bons homens através dos tempos,
Tentando encontrar o sol.
Prof. Tiago Menta: aqui o termo "chuva" faz referência a tudo aquilo que vem, ao longos dos séculos (e assim um fenômeno constante) caindo, violentamente, em cima da "cabeça humana" - uma espécie de eventos catastróficos que deixam os homens em estado de perdição, anomia. Mas mesmo assim, em meio ao caos de sempre, da chuva que nos molha e nos prejudica a visão e o bom caminhar, alguns, diferenciados, seguem em uma constante busca, a busca pelo Sol, por um mundo radiante e novo!
E eu me pergunto, ainda me pergunto:
"Quem vai parar a chuva?"
Prof. Tiago Menta: aqui encontramos um clamor, um pedido. Afinal, quem irá se habilitar, dentre nós, a tomar uma atitude e fazer a chuva parar? Seria eu, você?
Eu fui para a Virgínia,
Procurando abrigo da tempestade.
Envolvido na fábula,
Eu observava a torre crescer.
Planos de cinco anos e novos acordos,
Envoltos em correntes douradas.
E eu me pergunto, ainda me pergunto:
"Quem vai parar a chuva?"
Prof. Tiago Menta: nestes versos há menção ao estado da Virgínia, sonhos, uma clara alusão aos primórdios do dito "sonho americano" (american dream), dai a citação ao primeiro estado norte-americano: a Virgínia (criada pelos primeiros ingleses em terras ianques por volta de 1607, que recebera este nome de forma a homenagear a rainha inglesa, the virgin queen - Elizabeth 1533-1603). Não é sem razão que se buscasse o Sol na Virgínia, na mãe de todos os estados americanos, e portanto berço do sonho americano - que de certa forma traz em si uma certa chama utópica.
Ouvimos os cantores tocando,
Como pedimos por mais!
A multidão tinha se reunido,
Tentando manter-se aquecida.
Ainda assim a chuva continuava caindo,
Caindo nos meus ouvidos.
E eu me pergunto, ainda me pergunto:
"Quem vai parar a chuva?"

terça-feira, 6 de abril de 2010

Menta e Marx no butiquim (1º parte)

Pouco mais de 23:00, em passos apressados adentro ao recinto esfumaçado, entorpecido pela mistura de tabaco, álcool, pratos quentes e muita conversa no ar.

Putz, acho que tá sem mesa, sem cadeira sobrando! - primeiro pensamento e impressão quando da busca por um lugar ao sol naquele bar.

Senta aqui professor... diz uma voz rouca, envelhecida, e puxa uma cadeira.

Opa..mas, mas, Marx? Aqui no bar? 
Sim, sim. Cansei das horas e horas sentado defronte montanhas de papéis e livros, sabe como é minha rotina de trabalho! 

Ah claro, bibliotecas aqui e ali, uma correria...

É, mas quis dar um tempo hoje, aproveitei uma grana que o camarada Engels depositou na minha conta corrente e vim gastar um pouco com a esbórnia, afinal de contas, levar a vida tão a sério assim tá até me fazendo mal, e de males já me bastam os furúnculos!

Tem razão Karl, se me permite a intimidade...

Esquenta não professor...tu é de casa, te conheço bem, tu vens me procurando a alguns anos, leste muitas coisas minhas, até meus críticos, pois bem amigo, cá estou.

E que surpresa!

Eu liguei pra alguns dos seus amigos, claro que não me identifiquei, até porque muitos deles nem sabem quem eu sou ou mesmo o que faço, e pelas conversas ao telefone descobri que o camarada frequenta o bar aqui..

Sim, sim. Costumo vir aqui, de preferência nas sextas à noite. Depois daquela semana com a molecada, adolescentes, sabe como são..

Sei, tive filhos, mesmo não sendo lá muito presente, mas não se assuste que eu também não cheguei ao nível do Rousseau.

Putz! Rousseau, quem diria. Tantas palavras sobre liberdade, democracia e direitos, e ele tratava os filhos como prestobarba descartável..

Hahahaaha! Isso mesmo...falando nisso eu andei até pensando em aparar esta barba, imagine, desde 1840 e poucos eu não faço a mesma...

Caralho Karl...tá grande esta porra mesmo...melhor nem pensar em pedir caldo hoje pro garçom.

Conhece um barbeiro bom?

Sim. Não se preocupe, te indico algum.

Mas professor, ele cobra caro?

Pelo tamanho que está isso ai, nossa, barato não vai sair.

Ai complica professor.

Tá sem grana Karl? 

Sabe como é...minha vida é ficar sentado, ler, escrever, ganhar dinheiro é coisa de burguês, eu não quero nada, apenas o necessário e nisso o bom camarada Engels já oferece muitos préstimos.

Ok..toma aqui uns R$ 50,00.

Mas professor, não precisa tanto, sei comos os governos brasileiros pagam mal o seus educadores, uns R$ 20,00 já estariam de bom grado.

Ok...a situação nossa aqui em Minas tá feia, vamos ver se este ano os mineiros tomam vergonha na cara e votam em uma proposta real de mudanças.

Votar? Ah professor, não seja ingênuo, sabes tão bem quanto eu que através do voto não mudaremos merda nenhuma.

Eu sei, eu sei...

De súbito pego um cardápio, folheio um pouco, e faço os pedidos:

Garçom! Aqui pinguim...aqui (chamando com os dedos e na base dos assobios, pois o barulho do lugar era demasiado turbulento)..traz uma porção de pastéis de angu, torresminhos com mandioca frita, umas cervejas, beleza!

Boa pedida, professor. Tava com fome já...

Eu também Karl.

Mas como diziamos, votar mesmo, esse papo de democracia, voto popular, escolha popular, e pior, vox populi...

Puta que o pariu, essa de vox populi me dá coceiras...

É, ai fode tudo mesmo, sabe como é a religião...

Bagunça mais ainda a situação. Na minha época tinha professor de universidade que era demitido, e depois não conseguia trabalho, só por assumir-se como ateu. Hoje avançamos neste ponto...

Eu sei, era o Lud.

Isso mesmo, Feuerbach.

Grande cara.

Mas e ai Karl (que devorava ferozmente o prato de torresmos e mandioca), o que faremos com isso tudo que está ai?

Ué...eu já cansei de dizer...

Tomar o poder, e tal...

Sim, sim, tudo nas mãos do proletariado.

Mas Karl, não deu certo. Veja os russos, os chineses, os cubanos, hoje tem cara que mistura as suas ideias com paradas de Simon Bolívar!

Ah, é mesmo, Chávez né?

É, ele mesmo...

Esse não sabe nada, tá perdidinho.

E como tá..

Estes exemplos que afirmas não são fiéis aos meus princípios, que talvez nunca ninguém tenha fielmente seguido, eu mesmo, me lembro como se fosse hoje dizia que eu, Karl Marx, jamais seria um marxista.

Ai é que está Karl, não podemos jogar fora o marxismo.

Não? Fala sério.

Como método, como mecanismo de análise histórica e sociológica, não há ferramenta mais eficiente. Já como projeto político...

Que tem?

Oras, como projeto político é furada Karl.

Me convença.

Você dá créditos demais ao Estado, que com todo respeito é tratado pelo amigo como uma espécie de Deus, e isso Karl é reflexo do seu velho hegelianismo.

Será? (Marx está pensativo, sem notar o pedaço de angu no canto da barba).

Você devia ter abandonado Hegel completamente, como fizera com a noção filosófica de dialética transportando-a para o conceito de materialismo histórico ou materialismo dialético. Mas achar que o Estado, mesmo tomado pelos trabalhadores, iria promover bem-estar a todos...ai Karl, você foi ingênuo demais.

E o que sugere o amigo?

Reelabore, reconstrua, sua visão de Estado, pois ele é, no meu entendimento, promotor, essencial, de desigualdades, intolerância e vigilância.

Então és anarquista mesmo?

Sim Karl, e com convicção.

Bom...esta conversa avançou muito, e eu não quero desperdiçar tanto tempo assim falando em trabalho.

Concordo contigo, e ai, comida daqui é boa, não é?

Muito boa, e você tá observando quanta mulher bonita...

Vixi, cada "bitela"...

Ahahahaahahaha

Me passa a caneta Karl, vou escrever uma bobagem no guardanapo e passo pro garçom, ai ele leva praquelas gatas ali na mesa do canto, quem sabe hoje a gente se dá bem?

Karl passa sua bic surrada, sem tampa - isso serve!

Com rapidez escrevo:
"olá, eu e meu amigo aqui estamos interessados em conhecê-las. Vem pra cá ou podemos ir ai?"

O garçom recebe o guardanapo, um abono de R$ 5,00, e leva o bilhete pras garotas da mesa do fundo, que ao abrir o guardanapo sorriem, de maneira tímida, mas sorriem...e momentos depois fazem gestual como que convidando-nos a sua mesa.

Putz Karl, tão chamando...e ai, a morena ou a loira?

Fica com a loira professor, na Alemanha já enjoei de tanta loira...

Pegamos nossos copos de cerveja, nos levantamos e fomos em direção a mesa..

CONTINUA...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sou Eu?

A pouco mais de 30 anos
na cinzenta e esfumaçada terra da garoa
nascia este que vos fala

Por força do destino
10 anos se passaram e me via sob as montanhas de Drummond
sai o terno e gravata
entra o desarranjo, livros debaixo dos braços e ideias

Vivo cercado de garrafas,
páginas em branco,
memórias,
cabelos longos, batom, curvas

Por opção adentrei aos mistérios dos homens
aceitando os desafios
do bolso eternamente vazando,
das costas dadas a Jesus e demais amigos imaginários
Os amigos de ontem,
os críticos de hoje,
os inimigos de sempre

Tenho vários nomes
várias caras
várias ideias, 
imensuráveis desejos e anseios

Meu mundo, este mundo grande e pequeno
que habita o meu ser
não existe na práxis, não está na esquina
ele mora aqui, em silêncio

Silêncio, silêncio...
jamais irei me calar, nem usarei qualquer forma de coleira
pois em mim pulsa a veia que salta e grita

Rebelde, insubordinado,
anarquista, bagunceiro, vagabundo,
mal-educado, sem-vergonha,
safado, mentiroso, subversivo

Sou a mosca que pousou em sua sopa,
sou o anjo do inferno que assobia aos seus ouvidos,
sou os olhos que brilham, os dentes que rangem,
sou homem, sou educador, 
sou historiador, sou filósofo,
sou..sou..
eu..?
Tiago Menta
Abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

Imagens Interessantes (para reflexão)

As imagens abaixo dizem muito sobre o mundo em que vivemos...
Obs: imagens fornecidas pelo aluno/amigo Felipe Lustosa.