sexta-feira, 22 de julho de 2011

Michael Moore "Capitalismo: uma História de Amor"

Ontem a noite assisti no canal pago Telecine Cult o filme-documentário "Capitalismo: uma história de amor", produzido em 2009 pelo cineasta estadunidense Michael Moore, cujo centro de análise fora a crise econômica de 2008 e seus impactos sociais na vida de milhares de estadunidenses médio-classistas, em especial vitimados pela bolha financeiro-imobiliária que executou milhares de hipotecas e deixou nas ruas famílias inteiras.
Como se não bastasse, além do lado social do filme, este mesmo demonstra como que o Estado ianque socorreu as grandes corporações, os investidores e especuladores de Wall Street (no final do governo Bush Jr.) em detrimento dos interesses populares, aprovando empréstimos de bilhões de dólares aos banqueiros e burgueses falidos com a farra financeira - usando dinheiro do contribuinte (os impostos do povo bancando as loucuras e desvarios financeiros de Wall Street, que lesam o povo sempre com as políticas de crédito e endividamento das famílias).
Um caso assustador, e que dá a dimensão exata de como o sistema Capitalista é o verdadeiro "Mal" (costumo não aceitar adjetivos éticos como bem e mal, mas se existe o Mal, substantivado, existente, este é o Capitalismo) são os casos, absurdos, de grandes empresas que fazem seguro de vida de seus funcionários (sem o conhecimento destes ou mesmo de seus familiares) e que após a morte destes lucram com a mesma! Há um caso de uma jovem mãe e funcionária do Wall-Mart que rendera ao grupo cerca de 85 mil dólares com sua morte, enquanto o marido viúvo arcava com dívidas hospitalares e mesmo o funeral. 
O filme também tem seus erros, teóricos acredito. Michael Moore apresenta como poucos a sordidez do sistema social-econômico, as suas ilusões (livre mercado, concorrência, enriquecimento, poder, consumo, liberalismo econômico), porém o final do filme acaba sendo panfletário, nitidamente democrata e jubilando-se com a vitória de Barack Obama nas últimas eleições presidenciais. E ingenuidade maior, Moore afirma que este sistema não se reforma, não se conserta, se destrói, corretíssimo, mas quando é para dizer a solução o cineasta diz "democracia"....

Democracia? Moore se esqueceu de que esta é outra ilusão criada no centro do sistema econômico-social. Votar, escolher representantes, isso basta para encarar o monstro do Capital? Não, não mesmo. É preciso ir além, é preciso revolucionar, e para tanto não há outro caminho que não a transformação das consciências, a organização das massas, a luta derradeira e sangrenta de uma imensa maioria expropriada contra uma minoria pequena e aristocrática. 

Obviamente Moore, como cineasta estadunidense que é, jamais iria propor o Socialismo como solução ao mundo do capital - ainda tabu na sociedade ianque, devido a décadas de Guerra Fria (1945-1991), o que fica flagrante quando em meados do filme ao citar o socialismo, e o candidato democrata Obama sendo "acusado" de socialista, aparecem imagens (com o hino soviético ao fundo, muito belo por sinal e usado por mim nas vídeo aulas de Revolução Russa) de governos hiperestatistas e autoritários como de Stalin e Mao-Tse Tung. E isso é uma limitação presente em Moore, ele devia repensar as suas convicções e apresentar propostas verdadeiramente revolucionárias e novas, e neste caso, só há um caminho: a Anarquia. 

Não é o livre mercado, a concorrência, o mundo do Capital, ou mesmo o coletivismo autoritário e burocrático do maoísmo e do stalinismo os caminhos verdadeiros em direção a Liberdade plena, mas sim a construção de um devir autogestionário, sem estados, sem pátrias, sem autoridades, redimensionando a vida humana para núcleos menores e mais humanitários. De qualquer maneira, vale conferir "Capitalism: a love story" de Michael Moore.



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