terça-feira, 2 de outubro de 2012

Adeus mestre Hobsbawm (1917-2012)

Entramos na primeira semana de outubro em luto: perdemos o mestre Eric Hobsbawm, historiador britânico (apesar de nascido em terras egípcias no ano revolucionário de 1917) que particularmente influenciou, e muito, a minha formação acadêmica como profissional da História.
Hobsbawm era figurinha carimbada nas aulas de história moderna, história contemporânea, historiografia marxista, e discutiu, como poucos, as intensas transformações ocorridas no que o autor dizia "o breve século XX". Além disso produziu ricas análises sobre o terrorismo, a globalização, a formação dos estados modernos, os movimentos revolucionários e contrarevolucionários, etc. Em suma, um intelectual de verdadeira envergadura.
Vale ressaltar que a grande mídia ao informar a morte do historiador dizia ser Eric Hobsbawm "dos últimos historiadores marxistas", oras, ledo, e não desproposital, engano. O marxismo vive! Aqui vos fala e escreve este historiador paulistano de nascimento e mineiro de coração.
Dai o trato diferenciado pegando como gancho dois falecimentos quase simultâneos: a morte da apresentadora, cantora, e ícone da sociedade do espetáculo em sua versão brasileira, não menos conservadora, Hebe Camargo, e por fim o nosso intelectual revolucionário Hobsbawm. Na primeira vemos um sem fim de homenagens e odes, e neste último uma oportunidade para reafirmar a morte de todas as utopias, postas como inválidas diante desta sociedade espetacular e imaculada na ordem do Capital e do Mercado.
Hobsbawm vive. Quando em sala de aula denunciamos a miséria do mundo, as injustiças sociais e o sofrimento de todas as maiorias, quando como profissionais contribuimos com o desenvolvimento do olhar crítico e engajado de nossos jovens, ai sim, a figura do historiador britânico viverá em meio a dialética do viver de cada profissional da História.
Minha eterna gratidão ao mestre,
Tiago Menta » historiador, e marxista, como Eric Hobsbawm.




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