sábado, 28 de agosto de 2010

Mila - uma flor entre a vida marginal

Mila, morena clara, baixinha, olhos verdes e vívidos, corpo lindo, exuberante, com tatuagem pouco acima das nádegas, piercing no umbigo, cabelos cuidados até os ombros, perfume intenso e gostoso de sentir. Mas ela,  como toda mulher, é muito mais que um corpo, que um pretenso objeto de desejo masculino, ela é humana, muito humana: mãe de duas crianças pequenas, vive na região metropolitana de Belo Horizonte e ao final de cada noite de trabalho fica horas a fio dentro de um ônibus a caminho de casa onde sua mãe, que não sabe da atividade real da filha (ela diz que a mãe pensa que ela estuda a noite, faz cursos, e que depois dorme em casa de amigas) está a sua espera após cuidar dos pequenos.

Seu sonho: estudar Psicologia. Diz que está juntando dinheiro, e que tudo se encaminha para que ela inicie o curso, em universidade privada, no próximo ano de 2011 que se avizinha. Fala que as outras meninas se dividem, umas pensam em estudar, outras já são universitárias, e a maioria prefere manter-se em certa ignorância (sem vislumbrar algo a  mais daquela realidade marginalizada).

Passamos juntos umas 3 horas, numa madrugada animada com amigos em uma casa noturna aqui em Belo Horizonte, destas metade conversando e se conhecendo numa mesa a meia luz, enquanto bebíamos redbull e assistíamos performances de suas colegas no pole dance, e a outra metade num quarto pequeno, porém confortável, onde, por incrível que possa parecer, me dera muito mais do que prazer, me dera carinho e atenção. 

Quando do quarto saímos, e fui de encontro aos meus amigos, ela foi retocar a maquiagem, logo volta para perto de mim e nos despedimos, afinal a noite seguia o seu curso e ela precisa ganhar o pão para as crianças que deixou em casa com a mãe. Sai de lá sensibilizado, muito sensibilizado, com aquela garota, como pessoa humana e sua história de vida; e como podemos nos surpreender com as pessoas, até as mais marginalizadas, de onde podemos encontrar sim carinho e atenção - coisas muito mais marcantes que o simples gozo corporal.

Ela me deixa seu telefone, e eu, bem, não sei bem o que fazer...

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